Veja fotos de Hugo Chávez
Venezuela em luto
Chávez e autoridades
Infográfico mostra biografia de Chávez
Em 4 de fevereiro de 1992, Chávez fracassou em um golpe de Estado contra o presidente Carlos Andrés Pérez. Detido, passou dois anos na cadeia. Foi libertado após o afastamento de Pérez, graças a uma anistia do então presidente Rafael Caldera. Chávez abandonou a vida militar para se dedicar à política. Em 1997, fundou o Movimento 5ª República. Nas eleições para a Presidência, em 1998, venceu com 56% dos votos, prometendo combater a pobreza e a corrupção. Ao tomar posse em fevereiro de 1999, dissolveu o Congresso e convocou uma Assembleia Nacional Constituinte (ANC). A nova Constituição, aprovada por referendo em dezembro do mesmo ano, alterou o nome do país para República Bolivariana da Venezuela, ampliou os poderes do Executivo, permitiu uma maior intervenção do Estado na economia, eliminou o Senado e reconheceu os direitos culturais e linguísticos das comunidades indígenas. Em 2000 foi reeleito com 55% dos votos e passou a dominar a ANC.
Chávez tomou posse no início de 2000 apoiado na Ley Habilitante, e pôde promulgar 49 decretos em um ano, sem necessitar de aprovação do Parlamento. Entre eles estavam a Lei de Hidrocarbonetos, que fixava a participação estatal no setor petrolífero em 51%, e a Lei de Terras e Desenvolvimento Agrário, que determinava a expropriação de latifundiários. As novas leis foram contestadas pelos empresários, sindicatos, Igreja e televisões privadas, que o acusavam de querer tornar a Venezuela um país comunista. Houve um levante de empresários e trabalhadores, que anunciaram uma greve geral em protesto contra as medidas governamentais, mas as leis continuaram valendo. No final de fevereiro de 2002, Chávez fez mudanças na direção da companhia estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA) por pessoas da sua confiança, o que gerou profundas críticas. O descontentamento com a liderança de Chávez chegou a alguns setores do Exército e antigos companheiros.
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Polêmico
Hugo Chávez foi uma das figuras mais transcendentes e controversas do início do século 21 na América Latina, um ícone do socialismo e da controvérsia aclamado por uns como democrata altruísta e criticado por outros como um ditador populista embriagado de si mesmo. Ele deixa o legado de um projeto socialista e nacionalista que polarizou a vida na Venezuela e um vazio na liderança do subcontinente, sobretudo nos grupos que reivindicam o antagonismo com os Estados Unidos e o capitalismo.
Extrovertido, carismático e longe de qualquer timidez, Chávez fez do exercício do poder um espetáculo televisivo e transformou em antagonista dos EUA na América do Sul, em dominante absoluto dos assuntos internos de seu país, e foi muito influente nos temas regionais. Há quem sustente que para os venezuelanos sua liderança teve mais caráter espiritual e religioso que político e revolucionário. Por seu discurso, fundamentalmente nacionalista, passaram Jesus Cristo, Che Guevara, Mao Tsé-tung, Simón Bolívar e Karl Marx, em uma estranha comunhão que Chávez conseguiu armar em forma de doutrina. Ele defendeu o socialismo com a cruz na mão, orou em silêncio em uma capela enquanto o país o olhava pela televisão, e viajou para uma nova operação em Cuba acenando do carro com uma imagem de Cristo, confiando na cura.
Inspirava-se no seu bisavô, Pedro Pérez Delgado, um caudilho popular que brigou contra a ditadura de Juan Vicente Gómez (1908–1935). Amigo de líderes polêmicos, como o iraniano Mahmud Ahmadinejad ou o falecido ditador líbio Muamar Kadafi, Chávez, após 14 anos no poder, conseguiu projetar uma imagem de homem que superou as dificuldades descrevendo cada um de seus reveses como vitórias e tentou fazer de suas conquistas uma continuação das aspirações de Bolívar. Pensou em viver bem mais para chegar a isso. Mas o câncer lhe atravessou o caminho.