Caracas - Milhares de venezuelanos aguardaram nesta quinta-feira para poder ver pela última vez o rosto do presidente Hugo Chávez na capela ardente instalada na Academia Militar de Caracas, enquanto o país começa a se perguntar sobre seu futuro político diante da perspectiva de novas eleições.
Veja galeria de fotos da despedida
Leia Mais
Chávez sofreu ataque cardíaco e pediu pra não morrer, diz generalChefes de Estado na américa latina acompanham velório de ChávezEUA reage com diplomacia à morte de Hugo ChávezHugo Chávez: além do maniqueísmo'Até a vida sempre', disse Chávez em sua última mensagem em público Embalsamador filipino oferece seus serviços para a eternidade de Hugo ChávezPara Raúl Castro, Chávez morreu 'invicto, invencível, vitorioso' Dilma Rousseff e Raúl Castro chegam na Venezuela para funeral de Chávez Ao menos 33 chefes de Estado assistirão a funeral de Chávez Chávez distribuiu ganhos do petróleo com pobres na Venezuela, diz ministroLocal de sepultamento de Chávez provoca debate nacionalPalestinos choram perda de um Chávez fiel a sua causa"Muito impressionado ao vê-lo, me vieram todas as recordações do que fizemos juntos ao longo de 14 anos graças a ele", explicou Chanel Arroyo, de 34 anos, motorista. Os primeiros presidentes latino-americanos a chegar a Caracas - a líder argentina Cristina Kirchner, o uruguaio José Mujica e o boliviano Evo Morales - também se recolheram diante do caixão semidescoberto.
A Academia Militar foi escolhida para a capela ardente porque o presidente a considerava seu segundo lar e berço de sua vocação política, que em 1992 o levou a uma fracassada intentona golpista e sete anos depois à presidência da Venezuela. Seus restos foram levados do hospital militar, onde morreu, e foram acompanhados por uma gigantesca marcha vermelha, a última do carismático líder venezuelano, que em seus quatorze anos de poder afervorou os pobres de seu país.
Seus filhos, sua mãe e irmãos, o presidente interino, Nicolás Maduro, e o líder do Legislativo, Diosdado Cabello, também fizeram um minuto de silêncio diante do caixão, assim como o alto comando militar. Maduro assinou na terça-feira seu primeiro decreto como presidente interino ao ordenar sete dias de luto no país petroleiro.
O governo não informou diretamente sobre o decreto. Maduro, que ocupava o cargo de vice-presidente desde a reeleição de Chávez, em outubro, assumiu a presidência amparado no artigo 233 da Constituição venezuelana, disse nesta quarta-feira a procuradora Cilia Flores.
"No momento em que ele (Chávez) desaparece fisicamente, imediatamente e de forma automática entra em vigor o artigo 233, que estabelece que o vice-presidente seja encarregado e que em um prazo de 30 dias sejam convocadas novas eleições", disse Flores. O chanceler Elías Jaua disse na terça-feira que Maduro "assume como presidente", seguindo o mandato de Chávez, que designou o agora ex-vice-presidente como seu herdeiro político e candidato das fileiras governistas nas eleições.
Por outro lado, o governo não informou até agora quando irão ocorrer as eleições, que, segundo o mesmo artigo 233 da Constituição, estabelece que "quando ocorrer a falta absoluta do Presidente eleito ou Presidenta eleita antes de tomar posse, será realizada uma nova eleição universal, direta e secreta dentro dos trinta dias consecutivos seguintes".