Jornal Estado de Minas

Palestinos choram perda de um Chávez fiel a sua causa

AFP
Líderes e cidadãos palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza choraram a morte do presidente venezuelano Hugo Chávez, importante apoio a sua causa, e lamentaram que os países árabes não demonstrem a mesma firmeza que ele diante de Israel.
O falecido presidente se converteu em herói para os palestinos em janeiro de 2009, quando denunciou o "governo de Israel assassino e genocida", diante da ofensiva militar na Faixa de Gaza, controlada pelo movimento palestino Hamas.

Chávez também expulsou o embaixador israelense e rompeu as relações diplomáticas com o país.

"É uma grande perda para nós", declarou nesta quinta-feira o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, que foi pessoalmente apresentar suas condolências à representação venezuelana em Ramallah.

"O povo palestino continuará sendo fiel a Chávez, cuja memória permanecerá gravada em nossa consciência, em agradecimento ao seu valente apoio ao nosso direito de estabelecer um Estado palestino independente com Jerusalém como capital", declarou anteriormente Abbas em um comunicado.

"A Palestina diz adeus a um amigo leal, que defendeu apaixonadamente nosso direito à liberdade e à autodeterminação", afirmou em uma primeira reação Nabil Shaath, um líder do movimento Fatah de Mahud Abbas.

Shaath elogiou "sua posição forte contra a agressão (israelense) de 2008-2009 em Gaza, e seu firme apoio ao reconhecimento da Palestina na ONU" em 2011 e 2012.

Em Gaza, onde podem ser vistas fotografias do presidente falecido na terça-feira e bandeiras venezuelanas nas lojas de souvenirs, o Hamas homenageou "o grande líder Hugo Chávez, que dedicou sua vida a defender a dignidade e a liberdade de seu povo e o princípio de negar a submissão diante da hegemonia israelense-americana".

"Seu último ato de valentia foi autorizar aos palestinos a entrada na Venezuela sem visto, embora muitos líderes árabes sigam hesitando em fazê-lo", destacou na quarta-feira o movimento islamita.

"Um exemplo para os árabes"

"Nunca esqueceremos sua posição valente sobre a questão palestina, em particular quando (ocorreu) a operação israelense. Foi o primeiro a expulsar o embaixador de Israel" em 2009, lembra Bahaa Wahba, um estudante de 23 anos de Gaza.

"Sentia o sofrimento dos palestinos. Esperamos que os países árabes sigam seu exemplo adotando uma atitude mais positiva em relação à causa palestina", afirma Hani al-Agha, um funcionário de 31 anos.

O sentimento era compartilhado na Cisjordânia. Em uma manifestação de solidariedade com os presos palestinos de Israel diante da prisão de Ofer, perto de Ramallah, podiam ser vistos retratos do comandante falecido e camisas com a sua imagem, assim como bandeiras venezuelanas.

"Chávez era conhecido como um revolucionário, e se posicionou contra a ocupação israelense de forma muito mais clara que muitos países árabes", considera Samir Abdelkarim, funcionário de uma fábrica de Ramallah.

Agora, lamenta Imad Mahmoud, morador de Ramallah, "não há nenhum presidente no mundo que ame o povo palestino como o presidente Chávez, e que apoie como ele a causa palestina".

Israel, por sua vez, não reagiu de forma oficial à morte de Chávez, considerado um dos líderes mais hostis aos seus interesses.