Jornal Estado de Minas

Mesmo decepcionados, brasileiros saúdam o Papa argentino

AFP

Com uma ponta de decepção, dezenas de brasileiros que foram nesta quarta-feira à catedral metropolitana de São Paulo com a esperança de que o arcebispo Odilo Scherer fosse eleito Papa celebraram o primeiro pontífice latino-americano, o argentino Jorge Mario Bergoglio, Francisco I.

"Queríamos um Papa brasileiro, mas os argentinos são irmãos, vizinhos. Está tudo bem", disse à AFP Rosivaldo dos Santos, de 38 anos, na Catedral de Sé.

A arquidiocese de São Paulo, dirigida por Scherer, manifestou sua "alegria" pela designação de um novo Papa proveniente da América Latina pela primeira vez na História.

"Cantamos um hino de louvor a Deus também porque em seus desígnios quis que à frente da Igreja estivesse um Papa latino-americano", indicou a arquidiocese em um comunicado distribuído a jornalistas na sede da Cúria de São Paulo.

Scherer, de 63 anos, um brasileiro neto de alemães e arcebispo de São Paulo, maior diocese do Brasil com seis milhões de fiéis, era um dos favoritos para se tornar Papa.

"A arquidiocese de São Paulo -seus bispos, padres, seminaristas, religiosos e fiéis leigos- se alegra com a eleição do novo Papa e proclama sua total e plena obediência ao Santo Padre", acrescentou a instituição.

"Eu queria um Papa brasileiro. Sou de São Paulo, queria que dom Odilo fosse Papa. Sempre vou à missa com ele aos domingos. Não vejo problema que seja um argentino, mas queria um brasileiro", ressaltou Francisco Pires, de 61 anos.

"Tínhamos a expectativa de que fosse brasileiro. Mas é o representante máximo de Jesus na Terra e o aceitamos, damos a ele as boas-vindas", ressaltou Maria Dias, de 49 anos.

A Conferência de Bispos do Brasil também celebrou nesta quarta a escolha de Bergoglio como primeiro Papa latino-americano, nascido no "continente da esperança".

A CNBB considerou que a eleição de um Papa argentino "revigora" a Igreja. "Podemos esperar muito pelo fato de ser um latino-americano", disse em uma entrevista coletiva à imprensa o secretário-geral da CNBB, Leonardo Ulrich Steiner.