A família de dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, um dos favoritos a ocupar o trono de Pedro, além de sacerdotes e fiéis da cidade paranaense de Toledo, onde o 'papabile' nasceu, encontraram consolo na escolha de um papa latino-americano, o argentino Jorge Mario Bergoglio, como novo chefe da Igreja católica.
"Surpreendente, não? Mas a boa notícia é que é latino-americano", declarou, assim que se refez do susto, o professor Flavio Scherer, irmão do arcebispo de 63 anos, um dos mais fortes candidatos ao pontificado.
"É uma coisa extraordinária, não há lugar para a decepção. A vitalidade da Igreja da América Latina foi considerada", disse Flavio em casa, momentos após o anúncio.
Toledo, um município agrícola de 120 mil habitantes, foi um dos que mais se surpreendeu com a decisão do conclave, em Roma.
Tudo estava pronto na cidade para a escolha de dom Odilo Scherer, cardeal à frente da maior diocese do Brasil, com 6 milhões de fiéis.
A eleição do papa Francisco I "é uma mensagem forte. Primeiro, é jesuíta, que por tradição não aceitam o serviço de cardeal, e além disso se manifestou como Francisco, o que evoca uma Igreja samaritana que vai ao encontro dos pobres", disse à imprensa Helio Bamberg, pároco de Toledo.
Primo de Odilo Scherer, o sacerdote Inácio Scherer, foi outro sacerdote da cidade a destacar a decisão de Bergoglio, de 76 anos, de adotar o nome de Francisco I.
"Ao se chamar desta forma, senti uma grande espiritualidade e as intenções do novo Papa de agir a favor dos pobres", afirmou durante entrevista coletiva em Toledo, ao lado de parentes do cardeal Scherer.
"Que seja argentino, latino-americano, já é uma grande coisa. Tenho certeza que as próximas décadas serão de mudanças, porque a escolha desse nome projeta um aspecto muito missionário", declarou.
Os fiéis de Toledo, no entanto, não ocultavam a decepção com o fato de o novo Papa não ser brasileiro.
"Só resta esperar que faça bem as coisas", afirmou um deles, que se identificou apenas como Laércio.