Jornal Estado de Minas

Assembleia Geral da ONU presta homenagem a Chávez e a seu legado social

AFP

A Assembleia Geral da ONU destacou nesta quarta-feira o legado social de Hugo Chávez em uma homenagem no hemiciclo de Nova York, onde o falecido líder venezuelano pronunciou um de seus discursos mais conhecidos, em que chamou de "diabo" o então presidente americano, George W. Bush.

"A História sem dúvida lembrará do presidente Chávez, um carismático líder cujas políticas progressistas reduziram a taxa de pobreza na Venezuela", afirmou o presidente da Assembleia Geral da ONU, o sérvio Vuk Jeremic, ao abrir a cerimônia que teve a presença do chanceler venezuelano Elías Jaua.

A homenagem, que contou também com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, começou com a exibição de um vídeo com imagens da vida de Chávez, algumas de suas famosas frases ("Eu não sou eu, eu não sou um indivíduo, Eu sou um povo, caralho!) e mensagens de seus admiradores.

Depois, após pedir um minuto de silêncio, Vuk Jeremic fez um apelo para que sejam deixadas de lado as "diferenças pessoais e políticas" no momento de lembrar Chávez, destacando o "compromisso com a justiça social" do mandatário e seu "trabalho duro para melhorar a vida dos venezuelanos, especialmente os mais pobres".

Já Ban Ki-moon se referiu a Chávez como "um desses líderes que fez a diferença em seu país, na região e no mundo" e lembrou sua "solidariedade" com outros países, em particular sua ajuda ao Haiti após o terremoto de 2010 e sua contribuição com os esforços de paz na Colômbia.

"Mas talvez Hugo Chávez seja lembrado melhor por sua habilidade em se conectar em um nível humano com os mais vulneráveis", acrescentou Ban.

A homenagem foi realizada no recinto onde se reúne habitualmente a Assembleia Geral das Nações Unidas, e que uma vez por ano, em setembro, é ocupado por líderes de todo o mundo para a abertura das sessões.

Neste hemiciclo, Chávez protagonizou no dia 20 de setembro de 2006 um dos momentos mais lembrados de sua carreira política, ao de referir a Bush como "o diabo" e dizer que a tribuna do recinto ainda cheirava a "enxofre" após o discurso do presidente americano pronunciado um dia antes.

"Ontem o diabo esteve aqui, neste mesmo lugar. Esta mesa onde começo a falar ainda cheira a enxofre! Ontem, senhoras, senhores, nesta mesma tribuna o senhor Presidente dos Estados Unidos, a quem chamo 'de diabo', veio aqui falando como dono do mundo", havia afirmado Chávez naquela oportunidade.

O chanceler Jaua lembrou nesta quarta-feira essa frase como um símbolo da luta pela libertação da América Latina e se referiu a "um líder trascendental que compreendeu o momento histórico que vivemos".

"Estão homenageando um homem bom", acrescentou Jaua em seu discurso de encerramento, denunciando a "campanha sistemática de satanização" da qual, a seu ver, o líder venezuelano foi alvo por parte dos Estados Unidos.

Durante a cerimônia, representantes de cada um dos blocos continentais da ONU pronunciaram curtos discursos em memória de Chávez, a maioria deles destacando sua capacidade de "entender as necessidades de seu povo", como disse o representante de Fiji Peter Thomson.

Um dos latino-americanos que se expressaram, o embaixador da Bolívia, Sacha Llorenti, indicou que "além de falar de forma forte e clara, Hugo Chávez foi um homem que ensinou a construir" e "junto com Fidel Castro se atreveu a romper o monólogo do imperialismo quando ninguém o fazia".

Durante a homenagem na ONU, Chávez também será lembrado nesta quarta à noite em Nova York em um ato ecumênico na igreja de São Paulo o Apóstolo, perto do Central Park, no oeste de Manhattan.

Segundo a missão permanente da Venezuela na ONU, esperava-se a presença del canciller Jaua y personalidades de organizaciones indígenas y afroestadounidenses, sindicatos y movimientos pacifistas.

Os venezuelanos irão às urnas no dia 14 de abril para eleger o sucessor de Chávez, falecido no dia 5 de março aos 58 anos em consequência de um câncer.

Nestas eleições, o presidente encarregado do governo e designado sucessor de Chávez, Nicolás Maduro, enfrentará o opositor Henrique Capriles, governador do estado de Miranda (norte).