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Estado de Minas

Onda de esperança após eleição do primeiro Papa latino-americano


postado em 13/03/2013 22:22

Uma onda de alegria e esperança tomou conta, esta quarta-feira, da praça de São Pedro, transformada em uma festa para milhares de latino-americanos que receberam com imensa alegria a eleição histórica de Francisco, o primeiro Papa argentino, a quem pediram paz e ajuda para o continente.

"Quem teria pensado que seria argentino? Um Papa americano, imagina? Este papa Francisco já conquistou o povo!", disse entusiasmado o sacerdote brasileiro Wagner, de 30 anos, depois das primeiras palavras daquele que até esta tarde era o arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio.

O novo papa, de 76 anos, conquistou as milhares de pessoas presentes quando saiu sorridente na sacada e pediu aos católicos para fazer "um caminho de fraternidade, de amor" e "de evangelização".

"Foram buscar um Papa no fim do mundo", brincou Francisco, conquistando a multidão na praça lotada que o acompanhava aos gritos de "Francesco, Francesco!". Em seguida, pediu, em uma atitude inédita, que o povo de Roma rezasse por ele antes de dar sua bênção.

"O gesto que mais me comoveu foi ter pedido primeiro a bênção do povo para ele. Peço que continue com esta atitude de humildade, que vai solucionar muitíssimos dos conflitos que a Igreja tem", afirmou Julián Córdoba, sacerdote mexicano.

Também foram muitas as bandeiras brasileiras que tremulavam na Praça de São Pedro, apesar da rivalidade histórica com a Argentina e da aposta de muitos no cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, como novo pontífice.

"Dá ânimo à América Latina para que se una, não só no campo político e social, mas também religioso", disse, emocionado Claudio Mariano, um argentino radicado em Barcelona, enquanto agitava uma bandeira azul e branca, após o anúncio de que Bergoglio seria o novo Papa.

Paz e união para a América Latina

O momento mágico da noite ocorreu quando, após uma longa espera, a luz da sacada da basílica foi ligada e o cardeal proto-diácono proferiu o célebre "Habemus Papam", seguido do nome em latim do Sumo Pontífice: Georgius Marius, Cardinalem Bergoglio.

"Quem é, de onde vem?", perguntavam, agitadas, muitas pessoas que nunca tinham ouvido falar no cardeal argentino.

Após as palavras e a bênção do novo Pontífice, a Praça de São Pedro se encheu de esperança, sobretudo os milhares de latino-americanos surpreendidos pela escolha de um homem que muito poucos achavam que seria Papa, até mesmo os vaticanistas mais experientes.

"Estamos muito felizes de que seja argentino. Peço que trabalhe para alcançar a paz em todo o mundo, que é do que precisamos. E que reze por isso", afirmou Jessica Fariñas, uma jovem de Buenos Aires.

Para muitos latino-americanos que assimilavam a notícia, Francisco terá também entre suas missões trabalhar para resolver os problemas de um continente que sofreu e sofre com a violência.

"Espero que seja intermediário nos conflitos que atualmente a América Latina está sofrendo", pediu Stephanie, uma jovem chilena.

Pouco a pouco, a praça foi esvaziando, mas muitos milhares de pessoas continuavam ali, tentando digerir a notícia.

"Vim visitar o Vaticano e encontrei tudo isto!", disse Alberto, um desconcertado turista de Buenos Aires, de 50 anos, que espera poder visitar, finalmente, os museus do Vaticano, como tinha previsto.

Música e sinos

A esplanada no coração do Vaticano tinha recebido com gritos de júbilo a fumaça branca que, pouco depois das 19h05 (15h05 de Brasília), anunciou que os cardeais trancados na Capela Sistina tinham, por fim, eleito um novo Papa, cujo nome àquela altura ainda era desconhecido.

O imenso campanário da Basílica começou a dobrar, seguido de todas as igrejas de Roma.

"Um presente de Deus para o mundo", disse, com um grande sorriso nos lábios, o padre Júlio, vindo de Madri, enquanto suportava, assim como outras milhares de pessoas, a chuva forte observando fixamente pelo telão instalado no local a imagem da pequena chaminé instalada na Capela Sistina.

"Que emoção, irmão, que emoção!", gritou Gilberto, um padre colombiano, que compartilhava sua alegria com outro sacerdote da Guatemala.

Mas os fiéis ainda tiveram que aguardar quase uma hora para conhecer, por fim, o nome do sucessor de Bento XVI. Nesse intervalo, romanos e turistas gritavam "Viva o Papa!" de uma ponta à outra da praça.

A solenidade dos sinos deu lugar à música, com o surgimento das bandas da guarda do Vaticano, dos Caribinieri e da Marinha, que tocaram o hino nacional italiano, acompanhado em coro por milhares de pessoas, em uma praça transformada no cenário de uma imensa festa, após as incertezas de dois dias de conclaves e duas emissões de fumaça preta.

O anúncio "Habemus papam" pôs fim ao suspense e os católicos de todo o mundo conheceram, por fim, seu novo líder.


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