Jornal Estado de Minas

Mais que palavras ao ar: conheça os discursos de apresentação dos papas

Ao longo de décadas, papas usam discurso de apresentação no Vaticano como uma espécie de cartão de visitas ao mundo. Por meio de simbologias, eles dão os primeiros sinais de como pretendem lidar com a missão e os desafios da Igreja Católica

Desde o fim dos anos 1930, com Pio XII, a forma de um papa se apresentar ao povo na Praça de São Pedro simboliza um dos sinais de como seu pontificado deverá ficar marcado. Assim como João Paulo II, que fez uma referência em terceira pessoa ao chegar à sacada do Vaticano (“Chamaram-no de um país distante”), o argentino Jorge Mario Bergoglio recorreu a uma declaração semelhante: “Parece que os meus irmãos cardeais foram buscá-lo quase no fim do mundo” foi uma das primeiras frases sobre sua escolha como bispo de Roma.

 

PIO XII
3 de março de 1939 

“Sinto a enorme responsabilidade do papado que Deus, por seu projeto inescrutável da Providência,  colocou em nossos ombros (estamos emocionados e consternados) e a necessidade de transmitir os nossos pensamentos e nossa palavra paterna para todo o mundo católico. Primeiro de tudo, quero com especial carinho abraçar os nossos amados filhos do Colégio Sagrado, dos quais conhecemos o valor e as qualidades, e ao mesmo tempo abençoar os sacerdotes que o administram.” 

 

JOÃO XXIII
28 de outubro de 1958  

“Ouvir as suas palavras: ‘Eu sou feito para a temer, e eu temo.’ O que eu sei sobre a minha pobreza é suficiente para minimizar a minha confusão. Mas quando eu vejo um sinal de que os votos dos irmãos de meus cardeais mais eminentes da Santa Igreja Romana são da vontade de Deus, recebo uma eleição feita por eles. Em toda a solenidade de Cristo Rei cantou: ‘O Senhor é o nosso juiz, o Senhor é o nosso legislador, o Senhor é nosso rei’. Ele vai nos salvar.”

 

PAULO VI
21 de junho de 1963

“Veneráveis irmãos e amados filhos ao redor do mundo! Neste dia dedicado ao coração dulcíssimo de Jesus, no ato de assumir a tarefa de alimentar o rebanho do Senhor – que, nas palavras de Santo Agostinho,  quer ser, acima de tudo, dever de amor no exercício da caridade paterna para com todas as ovelhas, redimidos pelo sangue precioso de Jesus Cristo. O primeiro sentimento que nos transborda do coração é o de uma confiança segura na ajuda onipotente do Senhor Todo- Poderoso. Ele que indicou sua vontade adorável por meio do consenso dos nossos veneráveis irmãos, os padres do sacro colégio, me confiando o cuidado e a responsabilidade pela Santa Igreja.” 

 

JOÃO PAULO I
26 de agosto de 1978

“Veneráveis irmãos! Diletos filhos e filhas de todo o orbe católico! Chamado pela misteriosa e paterna bondade de Deus à gravíssima responsabilidade do supremo pontificado, enviamo-vos a nossa saudação; e imediatamente a tornamos extensiva a todos os homens do mundo, que neste momento nos escutam e nos quais, segundo os ensinamentos do evangelho, gostamos de ver unicamente amigos e irmãos. Para vós todos, saúde, paz, misericórdia e amor. A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunicação do Espírito Santo estejam com todos vós.“

 

JOÃO PAULO II

16 de outubro de 1978

“Queridos irmãos e irmãs, todos estamos ainda tristes com a morte do querido papa João Paulo I. E agora os eminentíssimos cardeais chamaram um novo bispo de Roma. Chamaram-no de um país distante... Distante, mas sempre muito próximo pela comunhão na fé e na tradição cristã. Tive medo ao receber esta nomeação, mas o fiz com espírito de obediência a Nosso Senhor e com a confiança total na sua mãe, a Virgem Santíssima.
Não sei se posso expressar-me bem na vossa... na nossa língua italiana. Se eu errar, vocês me corrijam. E, assim, apresento-me diante de todos vocês, para confessar a nossa fé comum, a nossa esperança, a nossa confiança na mãe de Cristo e na Igreja, e também para começar de novo a andar por este caminho da história e da Igreja, com a ajuda de Deus e com a ajuda dos homens.”

 

BENTO XVI
19 de abril de 2005

“Amados irmãos e irmãs, depois do grande papa João Paulo II, os senhores cardeais elegeram-me, simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me saber que o Senhor sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes. E, sobretudo, recomendo-me às vossas orações. Na alegria do Senhor ressuscitado, confiantes na sua ajuda permanente, vamos em frente. O Senhor nos ajudará. Maria, sua mãe santíssima, está conosco. Obrigado!”

 

FRANCISCO

13 de julho de 2013

“Sabeis que o dever do conclave era dar um bispo a Roma: parece que os meus irmãos cardeais foram buscá-lo quase no fim do mundo. Peço-vos que rezem ao Senhor para que me abençoe, a oração do povo pedindo a bênção pelo seu bispo. Façamos em silêncio essa oração. Por um caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós. Rezemos sempre por nós, uns pelos outros, por todo o mundo, para que haja uma grande fraternidade.”