Jornal Estado de Minas

Vaticano divulga comunicado negando omissão do papa durante ditadura na Argentina

Porta-voz diz que acusações são difamatórias

Agência Brasil

  Freira observa cartaz do novo papa na Cidade do Vaticano - Foto: GIUSEPPE CACACE GIUSEPPE CACACE / AFP

O Vaticano divulgou hoje (15) um comunicado desmentindo as informações de que o papa Francisco foi conivente com os crimes cometidos durante a ditadura na Argentina (1966-1973). O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse que as informações são originárias de uma “campanha difamatória” e com “uma forte carga ideológica”.

 “A campanha contra o cardeal Begoglio é conhecida e foi promovida por uma publicação caluniosa e difamatória. A origem é conhecida e notória”, ressaltou o porta-voz, informando que Francisco jamais foi denunciado ou punido pelas acusações.

 Segundo Lombardi, há provas que mostram o quanto o papa fez em defesa das vítimas da ditadura na Argentina. “Existem várias provas que mostram o quanto ele fez para proteger muitas pessoas”, disse. “As acusações vêm de elementos anticlericais para atacar a Igreja e devem ser refutadas.”

 Na Argentina, organizações de direitos humanos divulgaram informações de que o papa Francisco invocou o direito, existente na legislação argentina, de se recusar a depor em tribunais que julgavam torturas e assassinatos cometidos dentro da Escola de Mecânica da Marinha (Esma).

 O jornal argentino Clarín informou que o papa, ao contrário do que afirmam algumas organizações de direitos humanos, assumiu riscos para salvar os que lutavam contra a ditadura. Detalhes sobre a vida do atual papa foram publicadas em uma biografia oficial intitulada O Jesuíta.

 O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno, negou ontem (14) que o papa Francisco tenha sido omisso ou conivente com a ditadura na Argentina.

 Dom Raymundo disse ter convivido com o papa Francisco e ter participado de vários eventos nos quais ele estava presente, inclusive uma reunião de bispos latino-americanos, em Aparecida do Norte (SP). “Essa versão certamente não coaduna com a verdade”, disse dom Raymundo. “Ele é um verdadeiro pastor, um homem de solidariedade.” O arcebispo brasileiro ressaltou que o momento é de olhar o papa “daqui para frente”.