Acompanhado por milhares de pessoas, o corpo de Hugo Chávez chegou na tarde desta sexta-feira ao Museu Histórico da Revolução, que guardará os restos mortais do presidente enquanto se decide se será levado ao Panteão Nacional.
"Aqui viremos prestar contas, refletir sobre os erros e pedir sua benção (...). Aqui voltarei, não mais como presidente interino, mas sim como presidente constitucional da República Bolivariana", disse Maduro, candidato 'chavista' nas eleições de 15 de abril contra o líder opositor Henrique Capriles.
Leia Mais
Ato oficial vai preceder traslado do corpo de Hugo ChávezCorpo de Chávez irá nesta sexta-feira para o quartel de onde comandou rebelião em 1992Demora impede que corpo de Chávez seja embalsamadoVenezuela: Maduro está 18 pontos à frente de CaprilesChávez reaparece na TV com reprise do 'Alô Presidente'Em meio a uma maré vermelha - as cores do 'chavismo' - o caixão com o corpo do presidente passou pelo bairro 23 de janeiro, o principal feudo político de Chávez em Caracas.
"Estou feliz por ver nosso presidente, sempre viverá em nossos corações", disse à AFP Ana Julia Campero, estudante de Agronomia de 51 anos, na Praça 4 de fevereiro, a cerca de 200 metros do Quartel de la Montaña, onde está o Museu Histórico da Revolução.
Vestindo uma camisa vermelha com o rosto de Chávez, Campero veio do estado de Carabobo e esperou desde as duas da madrugada para ver o cortejo. "É muita emoção, ele é um grande líder".
Ao chegar ao Quartel de la Montaña, após sair da Academia Militar e percorrer as principais avenidas de Caracas, o corpo do presidente foi saudado ao gritos de "Chávez vive, a luta segue" ou "Viva meu comandante Chávez!"
Muitos soltaram balões vermelhos, enquanto outros tiravam fotos do féretro ou cantavam músicas revolucionárias.
Fortemente cercado por militares vestidos com camisas vermelhas, Chávez chegou ao quartel de onde liderou o fracassado golpe de Estado de 4 de fevereiro de 1992, em uma cerimônia liderada por Maduro e acompanhada por familiares do "comandante" e pelo presidente boliviano, Evo Morales.
"É um orgulho para nós que nosso comandante esteja aqui. Chávez foi um pai que nos abriu muitos caminhos. O luto não acaba de hoje para amanhã", disse à AFP Carmen González, professora de 45 anos, formada nos programas sociais criados por Chávez.
Um grupo de militares que participou do golpe de 1992 chegou para acompanhar o corpo do presidente, vestido com uniforme camuflado, boina vermelha e braçadeira com as cores da bandeira venezuelana.
"Nos sentimos orgulhosos porque ele foi o soldado que o povo sempre quis", disse Jairo Núñez, sargento de 41 anos.
Um grupo de mulheres procedente de Guacara, no Estado de Carabobo, aguardava o cortejo desde às seis da manhã. "Não tomamos café da manhã ou almoçamos, mas nos sentimos satisfeitas", revelou Janet Medina, 35 anos, líder local do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
"Aqui começou sua luta, sua ideologia (...) Viemos pelo amor e a lealdade, seguiremos toda a vida recordando Chávez, o homem que abriu nossos olhos e nossos caminhos", afirmou María Ruiz, 42 anos, também líder local do PSUV.
Chávez morreu no dia 5 de março passado, após quase dois anos de luta contra um câncer.