Um dos pilares da Companhia de Jesus, a educação é também o mais tangível deles. Devem-se aos jesuítas os primeiros colégios no Brasil e a valorização formal do saber. Quatrocentos e setenta e nove anos após a fundação da Ordem dos Jesuítas em Paris, eles continuam com presença marcante. Em Minas Gerais, a Companhia de Jesus está em cinco cidades: Belo Horizonte, Santa Luzia, Juiz de Fora, Montes Claros e Santa Rita do Sapucaí. Em três ela responde por colégios, faculdade, centro de estudos e escola técnica.
Uma das mais tradicionais instituições de ensino fundamental e médio da capital mineira, o Colégio Loyola completa terça-feira 70 anos de sua fundação. Uma missa solene será celebrada dia 25 na capela da instituição, na Cidade Jardim. Em BH, outra parte das atividades da ordem religiosa está concentrada no Bairro Planalto, Região Norte. O centro de tudo é a Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em funcionamento há 31 anos.
“No começo o perfil dos alunos era de religiosos e outros diocesanos. A partir dos anos 1990 assistimos a uma mudança no perfil. Ainda temos uma boa quantidade de jesuítas, mas também seminaristas de outras ordens, freiras e leigos. Na pós-graduação em teologia há ainda pastores de igrejas protestantes”, exemplifica o padre Geraldo De Mori, diretor do Departamento de Teologia e Coordenador da Pós-Graduação da Faje. Dos 300 alunos de graduação, mestrado e doutorado, ao menos um quinto é de jesuítas.
Como eles vivem em comunidades, a região do campus até hoje reserva casas de formação para filosofia (onde vivem 14 pessoas) e cinco para os estudantes de teologia (com uma média de seis moradores cada), bem como uma residência para os jesuítas idosos. Há ainda no Planalto a Paróquia São Francisco Xavier. A cada ano, De Mori explica, 15 a 20 jesuítas ingressam para os cursos de graduação. Um perfil também diverso é o dos matriculados no Centro Loyola, criado há 15 anos (sua sede fica na Cidade Jardim). “Como é um centro de fé e cultura, o objetivo é proporcionar o debate sobre questões da existência mantendo um diálogo com o mundo contemporâneo”, afirma a diretora, Lucimara Trevisan.
Além da especialização em Teologia e atualização catequética, o Centro Loyola promove uma série de formações curtas. “Nosso diálogo é interreligioso e ecumênico. Tanto que temos alunos das igrejas Batista e Metodista. Há inclusive um professor de Bíblia da Igreja Batista”, acrescenta Lucimara. Durante esse semestre haverá um curso sobre mito e filosofia. Já em junho, outro sobre a igreja e o marketing. E após a Semana Santa, mesa-redonda sobre a igreja atual, pós-eleição do Papa Francisco. Um nome confirmado para o encontro é o padre João Batista Libânio, um dos mais importantes teólogos jesuítas do país.
Perseguição Uma das principais ordens religiosas masculinas católicas, a Companhia de Jesus está presente hoje em 130 países – sua organização é feita em províncias, um total de 91, com 19 mil membros. Minas Gerais é integrante da Província Jesuíta do Brasil Centro-Leste, ao lado de Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Tocantins e do Distrito Federal.
No Estado, os jesuítas chegaram tardiamente, se comparados com outras regiões do Brasil Colônia. Em 1750, quando Mariana foi elevada a diocese, foram convidados a dirigir o seminário. “Na época da colônia, era proibida a entrada de qualquer ordem religiosa em Minas devido ao medo que tinham os portugueses de que houvesse poder paralelo ao seu e assim só chegaram definitivamente quando acabou o período áureo do ouro”, explica o padre Geraldo De Mori. E ficaram um período curto nas Minas Gerais, já que em 1759 o Marquês de Pombal, então primeiro-ministro português, expulsou os jesuítas de todos os domínios portugueses. Estes só retornariam ao Brasil no início do século 19 – em 1814 o Papa Pio VII restaurou a Companhia de Jesus.
No Brasil, os jesuítas aportaram em 1549. Eram seis pessoas. Junto à expedição do 1º governador Tomé de Souza estava o padre Manuel da Nóbrega. Na época, a congregação era bastante jovem: a Companhia de Jesus havia sido fundada em 1534 pelo espanhol Inácio de Loyola e veio a monopolizar não só o ensino das elites europeias, como a catequese dos indígenas nas recém-descobertas colônias. Em território desconhecido, os jesuítas não demoraram a desbravar novos caminhos. Numa segunda etapa vem José de Anchieta que funda em Piratininga, em 1554, um colégio, não mais do que um barracão de taipa criado para catequizar os índios da região e que acabou se tornando o marco inicial da cidade de São Paulo.
Para a catequese, os jesuítas trouxeram uma novidade popular entre os portugueses: a viola de dez cordas, precursora do violão. Padre Anchieta não tardou a aprender a língua indígena, escrevendo sua primeira gramática. Até o fim daquele século os jesuítas também estavam no Rio de Janeiro e Pernambuco. Já no século 17 chegaram ao Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e Amazônia. Outro jesuíta importante, Padre Antônio Vieira, participa de várias missões na parte Norte e Nordeste da colônia. Iniciou, em 1679, a produção dos 16 volumes de seus famosos Sermões.
Uma das mais tradicionais instituições de ensino fundamental e médio da capital mineira, o Colégio Loyola completa terça-feira 70 anos de sua fundação. Uma missa solene será celebrada dia 25 na capela da instituição, na Cidade Jardim. Em BH, outra parte das atividades da ordem religiosa está concentrada no Bairro Planalto, Região Norte. O centro de tudo é a Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em funcionamento há 31 anos.
“No começo o perfil dos alunos era de religiosos e outros diocesanos. A partir dos anos 1990 assistimos a uma mudança no perfil. Ainda temos uma boa quantidade de jesuítas, mas também seminaristas de outras ordens, freiras e leigos. Na pós-graduação em teologia há ainda pastores de igrejas protestantes”, exemplifica o padre Geraldo De Mori, diretor do Departamento de Teologia e Coordenador da Pós-Graduação da Faje. Dos 300 alunos de graduação, mestrado e doutorado, ao menos um quinto é de jesuítas.
Como eles vivem em comunidades, a região do campus até hoje reserva casas de formação para filosofia (onde vivem 14 pessoas) e cinco para os estudantes de teologia (com uma média de seis moradores cada), bem como uma residência para os jesuítas idosos. Há ainda no Planalto a Paróquia São Francisco Xavier. A cada ano, De Mori explica, 15 a 20 jesuítas ingressam para os cursos de graduação. Um perfil também diverso é o dos matriculados no Centro Loyola, criado há 15 anos (sua sede fica na Cidade Jardim). “Como é um centro de fé e cultura, o objetivo é proporcionar o debate sobre questões da existência mantendo um diálogo com o mundo contemporâneo”, afirma a diretora, Lucimara Trevisan.
Além da especialização em Teologia e atualização catequética, o Centro Loyola promove uma série de formações curtas. “Nosso diálogo é interreligioso e ecumênico. Tanto que temos alunos das igrejas Batista e Metodista. Há inclusive um professor de Bíblia da Igreja Batista”, acrescenta Lucimara. Durante esse semestre haverá um curso sobre mito e filosofia. Já em junho, outro sobre a igreja e o marketing. E após a Semana Santa, mesa-redonda sobre a igreja atual, pós-eleição do Papa Francisco. Um nome confirmado para o encontro é o padre João Batista Libânio, um dos mais importantes teólogos jesuítas do país.
Perseguição Uma das principais ordens religiosas masculinas católicas, a Companhia de Jesus está presente hoje em 130 países – sua organização é feita em províncias, um total de 91, com 19 mil membros. Minas Gerais é integrante da Província Jesuíta do Brasil Centro-Leste, ao lado de Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Tocantins e do Distrito Federal.
No Estado, os jesuítas chegaram tardiamente, se comparados com outras regiões do Brasil Colônia. Em 1750, quando Mariana foi elevada a diocese, foram convidados a dirigir o seminário. “Na época da colônia, era proibida a entrada de qualquer ordem religiosa em Minas devido ao medo que tinham os portugueses de que houvesse poder paralelo ao seu e assim só chegaram definitivamente quando acabou o período áureo do ouro”, explica o padre Geraldo De Mori. E ficaram um período curto nas Minas Gerais, já que em 1759 o Marquês de Pombal, então primeiro-ministro português, expulsou os jesuítas de todos os domínios portugueses. Estes só retornariam ao Brasil no início do século 19 – em 1814 o Papa Pio VII restaurou a Companhia de Jesus.
No Brasil, os jesuítas aportaram em 1549. Eram seis pessoas. Junto à expedição do 1º governador Tomé de Souza estava o padre Manuel da Nóbrega. Na época, a congregação era bastante jovem: a Companhia de Jesus havia sido fundada em 1534 pelo espanhol Inácio de Loyola e veio a monopolizar não só o ensino das elites europeias, como a catequese dos indígenas nas recém-descobertas colônias. Em território desconhecido, os jesuítas não demoraram a desbravar novos caminhos. Numa segunda etapa vem José de Anchieta que funda em Piratininga, em 1554, um colégio, não mais do que um barracão de taipa criado para catequizar os índios da região e que acabou se tornando o marco inicial da cidade de São Paulo.
Para a catequese, os jesuítas trouxeram uma novidade popular entre os portugueses: a viola de dez cordas, precursora do violão. Padre Anchieta não tardou a aprender a língua indígena, escrevendo sua primeira gramática. Até o fim daquele século os jesuítas também estavam no Rio de Janeiro e Pernambuco. Já no século 17 chegaram ao Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e Amazônia. Outro jesuíta importante, Padre Antônio Vieira, participa de várias missões na parte Norte e Nordeste da colônia. Iniciou, em 1679, a produção dos 16 volumes de seus famosos Sermões.
Primeiro santo nascido
no Brasil, Frei Galvão (1739/1822) – canonizado pelo Papa Bento XVI em 2007 – poderia ter sido um jesuíta. Ainda adolescente, foi enviado ao seminário jesuíta Colégio de Belém, na Bahia. Durante os quatro anos em que passou ali, se envolveu profundamente na prática cristã. Sua intenção de se tornar padre jesuíta foi impedida por causa da perseguição liderada pelo Marquês de Pombal. Aconselhado pela família, ingressou em convento franciscano.