Jornal Estado de Minas

Pedido de desculpas de Israel à Turquia marca retomada de relações entre os dois países

AFP

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apresentou seu pedido de desculpas ao chefe do governo da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, pela morte de nove turcos durante a tomada de uma flotilha que ia para Gaza em 2010.

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, aceitou "em nome do povo turco" o pedido de desculpas apresentado por seu homólogo israelense Benjamin Netanyahu pela morte de nove turcos no ataque a uma flotilha humanitária com destino a Gaza em 2010, indicou o governo turco em um comunicado.

"Ambos os primeiros-ministros chegaram à conclusão de um acordo para a indenização" das famílias das vítimas, acrescentou o documento.

"Netanyahu conversou com o primeiro-ministro Erdogan. Decidiram normalizar as relações entre ambos os países, inclusive a volta dos embaixadores e a anulação dos procedimentos judiciais (na Turquia) contra soldados israelenses", segundo um comunicado do gabinete do chefe de governo israelense.

"Netanyahu explicou que os resultados trágicos da flotilha do Mavi Marmara não foram intencionais", ressaltando que "a investigação israelense havia revelado erros operacionais", segundo a mesma fonte.

"O primeiro-ministro Netanyahu apresentou seu pedido de desculpas ao povo turco por qualquer erro que tenha podido levar à perda de vidas e aceitou a indenização" das vítimas, segundo el texto.

Já muito tensas depois da sangrenta operação israelense "Chumbo grosso" na Faixa de Gaza (dezembro 2008/janeiro 2009), as relações entre Turquia e Israel, aliados estratégicos nos anos 1990, se degradaram fortemente no dia 31 de maio de 2010 depois do ataque israelense a uma flotilha que tentava romper o bloqueio do território palestino.

Nove passageiros turcos do barco "Mavi Marmara" morreram, provocando uma crise diplomática entre ambos os países. A Turquia reduziu o nível de sua representação diplomática em Israel, que teve seu embaixador expulso, e suspendeu a cooperação militar.

Antes, o presidente americano, Barack Obama, havia saudado uma conversa por telefone nesta sexta-feira entre Netanyahu e Erdogan, desejando o restabelecimento de relações positivas" entre esses dois aliados dos Estados Unidos.

"Saúdo o a conversa deste dia entre o primeiro-ministro Netanyahu e o primeiro-ministro Erdogan", afirmou Obama, em visita a Israel, de acordo com um comunicado da Casa Branca.

"Os Estados Unidos apreciam profundamente suas estreitas associações com a Turquia e com Israel e dão grande importância ao restabelecimento de relações positivas entre ambos para promover o avanço da paz e da segurança regionais", segundo o texto.

Em Gaza, o Hamas considerou "tardio" o pedido de desculpas israelense, ressaltando que reflete "o medo de Israel frente aos problemas regionais".

Segundo uma autoridade do Hamas, Erdogan telefonou para o líder do grupo, Khaled Mechaal, para "informá-lo do perdão pedido por Netanyahu, e dizê-lo que Israel tinha aceitado as condições turcas para a normalização das relações: pedido de desculpas, um reconhecimento da responsabilidade e o fim do bloqueio".

Do lado israelense, o ex-ministro das Relações Exteriores, o nacionalista Avigdor Lieberman, criticou fortemente um "grave erro" que "mina o moral do Exército".

Já sua antecessora, Tzipi Livni, uma moderada, comemorou "uma decisão muito importante e correta em relação aos interesses comuns de Israel, da Turquia e dos Estados Unidos, sobretudo à luz dos eventos na Síria".

O novo ministro da Defesa, Moshé Yaalon, e o chefe do Estado-Maior, Benny Gantz, aprovaram a decisão de Netanyahu.