Jornal Estado de Minas

Apesar da tensão, embaixadas permanecem abertas em Pyongyang

AFP

Os chefes das missões diplomáticas dos sete países europeus que têm representação em Pyongyang estão em contato para avaliar uma eventual retirada, após o agravamento da situação na península coreana, enquanto o polo industrial binacional de Kaesong permanece fechado.

A Coreia do Norte, que deslocou um segundo míssil de médio alcance para a costa leste - alimentando os temores de um disparo iminente -, advertiu que a partir de 10 de abril não poderá garantir a segurança das embaixadas no caso de conflito.

No entanto, nenhum país parece ter planos de retirada imediata. Algumas capitais consideram que esta é uma nova manobra de Pyongyang para aumentar a pressão.

O ministério das Relações Exteriores da Alemanha informou que "no momento" sua embaixada pode seguir trabalhando na Coreia do Norte, mas destacou que a segurança está em permanente avaliação.

"No que diz respeito à segurança da embaixada, há consultas permanentes, especialmente com os outros aliados estrangeiros, que também têm embaixadas na Coreia do Norte", afirma um comunicado alemão, que tenta minimizar o alcance da reunião anunciada para este sábado em Pyongyang.

Além da Alemanha, Gra-Bretanha, Suécia, Polônia, Romênia, República Tcheca e Bulgária têm representação diplomática na Coreia do Norte.

Os chefes das missões diplomáticas da União Europeia presentes em Pyongyang se reunirão neste sábado "para buscar uma posição comum e uma ação comum" sobre os funcionários, afirmou à AFP o ministério búlgaro das Relações Exteriores.

"O discurso do governo norte-coreano é que a partir de 10 de abril não poderá garantir a segurança das embaixadas, nem das organizações internacionais no país em caso de conflito", disse à AFP uma fonte do Foreign Office britânico.

O porta-voz da Casa Branca afirmou na sexta-feira que as ameaças não são novas e que não descarta o lançamento de um míssil pela Coreia do Norte.

"Não ficaríamos surpresos se atuassem desta maneira", declarou Jay Carney.

A Coreia do Norte transportou durante a semana dois mísseis Musudan de médio alcance para a costa leste do país, onde foram instalados em veículos equipados com um dispositivo de disparo.

Há várias semanas, a Coreia do Norte faz ameaças de guerra nuclear como resposta às sanções da ONU por um novo teste nuclear do país no início de fevereiro e pelas manobras conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul na península.

Ao mesmo tempo, o acesso ao industrial intercoreano de Kaesong permanece fechado. A Coreia do Norte impede desde quarta-feira a entrada no complexo das centenas de sul-coreanos que trabalham no local.

Vários caminhões sul-coreanos que transportavam material para o complexo foram obrigados a retornar na fronteira, que fica a 10 km do polo.

Entre os poucos turistas que se aventuram a entrar no hermético país, um grupo de viajantes que retornou a Pequim após cinco dias na Coreia do Norte descreve a situação como "normal".

"Não sentimos medo quando estivemos lá", declarou a dinamarquesa Tina Krabbe.

"Não parecia um clima tenso na cidade de Pyongyang", disse.

As visitas à Coreia do Norte continuam autorizadas, afirmou à AFP Nicholas Bonner, fundador de uma agência que organiza viagens ao país há 20 anos.