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Estado de Minas

Ditador Kim Jong-un reforça ameaças

Coreia do Norte acelera produção de peças de artilharia e cita a possibilidade de realizar um "ataque preventivo". Analistas acreditam que regime busca apenas um meio de diálogo.


postado em 07/04/2013 06:00 / atualizado em 07/04/2013 09:56

Militar sul-coreano na barreira da estrada para o complexo industrial intercoreano.(foto: Lee Jae-Won/Reuters)
Militar sul-coreano na barreira da estrada para o complexo industrial intercoreano. (foto: Lee Jae-Won/Reuters)
Brasília – Em uma de suas muitas ameaças – consideradas vazias por especialistas e por ocidentais –, o regime da Coreia do Norte ordenou o aumento da produção de peças de artilharia e sinalizou a suposta disposição de disparar o primeiro tiro. “Quando a guerra romper, teremos de varrer as bases militares e as instituições governamentais de nossos inimigos com um único golpe”, declarou o ditador Kim Jong-un em um vídeo divulgado ontem pela rede de TV estatal KCTV. “Devemos, absolutamente, garantir a qualidade de nossa artilharia e de nossos morteiros para assegurar um ataque preventivo contra nossos inimigos”, acrescentou o líder norte-coreano durante reunião com funcionários da indústria bélica, em 17 de março.

Nos últimos 13 dias, Kim anunciou ter apontado seus mísseis para o território norte-americano, fechou o acesso de sul-coreanos ao complexo industrial de Kaesong, reativou a central nuclear de Yongbyon, declarou guerra à Coreia do Sul, autorizou um ataque nuclear aos EUA, transportou dois mísseis Musudan de médio alcance para a costa leste e recomendou a diplomatas que abandonem Pyongyang. Poucos parecem levar a sério o líder comunista. O embaixador do Brasil na Coreia do Norte, Roberto Colin, descartou uma saída urgente da capital norte-coreana. “Não há planos imediatos de retirada, a exemplo das outras embaixadas”, afirmou por e-mail.

Rússia, Alemanha, Reino Unido, China, Irã, Cuba, Suécia, Polônia, República Tcheca, Bulgária e Romênia anunciaram que manterão suas representações em Pyongyang. “A maior parte dos governos vê a mensagem da Coreia do Norte como um modo de elevar as tensões na Península Coreana”, afirmou uma fonte oficial de Seul, citada pela agência sul-coreana Yonhap. No entanto, a agência France-Presse divulgou imagens de um grupo de diplomatas estrangeiros e de turistas embarcando num avião da companhia Air Koryo rumo a Pequim. Segundo o jornal The New York Times, a Casa Branca analisou o apoio da China à Coreia do Norte e detectou a primeira mudança em décadas. O governo de Barack Obama teria colocado duas opções sobre a mesa para o presidente chinês, Xi Jinping: ou Pequim endurece o tom com o regime de Pyongyang ou enfrentará a intensificação da presença militar norte-americana no Leste da Ásia.

LIBERAL

Em Seul, brasileiros e sul-coreanos afirmaram não se assustar com o tom vociferante de Kim Jong-un. “Não me sinto ameaçada. Para se impor no controle do país, ele recorre a esse tipo de retórica”, afirmou Lena Hye Hyung Park, uma tradutora de 26 anos, cujo avô morava em Pyongyang, em entrevista pela internet. Ela aposta que ainda testemunhará a reunificação das Coreias e cita a formação mais “liberal” de Kim. “Ele tem uma cabeça diferente de seus antepassados. Estudou em escolas no exterior, o que deve ter aberto sua mente”, comentou. A coisa mais importante para Lena não são as ameaças dos norte-coreanos, mas o futuro de seus compatriotas, divididos por cercas e soldados da Zona Desmilitarizada. Ela admite que o passado, marcado pela Guerra das Coreias, já é doloroso demais. “Naquela época, a avó de um amigo tinha quatro filhos e atravessava um rio, à noite, fugindo da Coreia do Norte. O caçula era recém-nascido e começou a chorar. Para salvar o restante da família, ela afogou o bebê, enquanto metralhavam a água”, contou.

Mineiro de Campo Belo, Henrique Teixeira – professor da Universidade Hankuk de Estudos Estrangeiros (em Yongin, região metropolitana de Seul) – adota a cautela ao falar sobre a crise. “Não acho que os norte-coreanos atacarão, mas também não duvido que tomem uma atitude, caso algo fuja do controle deles”, opinou. Ele relata que alguns brasileiros pensam num possível plano de retirada. “Entre os sul-coreanos não tem ninguém em pânico ou fugindo da capital. Pelo contrário: vivem como se não houvesse a possibilidade de um súbito ataque vindo do Norte”, acrescentou.

Oficiais do Pentágono receberão este mês, em Washington, líderes militares sul-coreanos para debater a cooperação na área da defesa. “Nos últimos 25 ou 30 anos tem havido um padrão de provocação, acomodação e provocação novamente”, explicou o general Martin E. Dempsey, chefe do Estado-Maior dos EUA. “Estamos preocupados porque isso poderia ser diferente por causa da presença de um novo líder mais jovem e de sua inabilidade em compreender quem o influencia.”


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