Comerciantes informais da Argentina ganharam notoriedade mundial devido à aplicação de um golpe que mescla crueldade e criatividade. Em uma feira irregular conhecida como “La Salada”, em Lomas de Zamora, na Região Metropolitana de Buenos Aires, alguns vendedores desonestos têm vendido furões como se fossem poodles, da variedade toy. Para que possam ser confundidos com cães, os roedores recebem doses de esteróides e receberam tratamento na pelagem.
O golpe era desconhecido até mesmo na Argentina e e as poucas informações a respeito circulavam por meio de rumores, dando tom de lenda urbana ao caso. Porém, um homem que caiu no golpe fez um perfil no Facebook e obteve grande repercussão. Após a iniciativa, uma rede de televisão local esteve no local onde a feira é realizada e conversou com ao menos mais uma vítima, que teria comprado um furão, conhecido localmente como rato brasileiro, no lugar de um cão da raça Chiuhuahua.O homem que tornou o caso público na rede social é um aposentado, que levou dois furões para casa, pensando estar de posse de poodles. Ele só descobriu o golpe ao levar os animais ao veterinário. Já a mulher entrevistada pela rede de TV afirmou ter pagado 1,5 mil pesos, valor equivalente a cerca de R$ 580, pelo animal que pensava ser um cão. Apesar de relativamente elevados, os valores são bem mais baratos que os praticados em canis credenciados. Nenhuma das vítimas prestou queixa sobre o caso.
O furão atinge cerca de 50 cm de comprimento e 13 cm de altura. A pelagem pode ser branca, marrom ou mesclar as duas cores. Embora seja menor e tenha aspecto bastante distinto em relação aos cães, a aplicação de esteróides dificulta a diferenciação, fazendo com que pessoas pouco habituadas a poodles ou chiuhuahuas sejam vítimas dos golpistas.
LA SALADA A feira de La Salada é conhecida pelo comércio de produtos de procedência duvidosa. Os primeiros comerciantes, em sua maioria imigrantes bolivianos, se instalaram em um terreno em Lomas de Zamora, às margens do rio Riachuelo, cujas águas são altamente poluídas, por volta de 1991. O mercado irregular cresceu lentamente até o ano de 2001, quando a crise econômica Argentina fez com que o número de vendedores e frequentadores desse um salto.
Atualmente, a estimativa é que a feira empregue cerca de seis mil comerciantes e seja frequentada por aproximadamente 20 mil pessoas, movimentando montante equivalente a R$ 18 milhões por semana. As barracas são montadas duas vezes por semana: aos domingos e às madrugadas das quarta-feiras, para driblar a fiscalização. Os produtos mais comuns são peças de vestuário piratas, mas há uma série de artigos à venda, inclusive animais.
Assista à reportagem da TV argentina: