Três pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas nesta segunda-feira em duas explosões ocorridas na Maratona de Boston, espalhando pânico e levando ao reforço na segurança em várias cidades dos EUA, informaram as autoridades.
O chefe da polícia de Boston, Ed Davis, confirmou a morte de três pessoas; e o governador de Massachusetts, Patrick Deval, informou que há mais de 100 feridos.
As explosões aconteceram no centro da cidade, perto da linha de chegada da maratona anual. Uma suposta terceira explosão, na biblioteca JFK da cidade, acabou sendo identificada como um incêndio, sem relação com o episódio anterior, de acordo com a polícia.
"Nós não temos todas as respostas", disse o presidente Barack Obama, em pronunciamento em rede nacional. "Nós ainda não sabemos quem fez isto ou por quê", acrescentou, sugerindo acreditar que as explosões foram planejadas, mas evitando se referir a um ataque terrorista.
"Nós descobriremos quem fez isto e o faremos pagar", acrescentou. "Quaisquer indivíduos ou grupos responsáveis sentirão todo o peso da Justiça".
Pelo menos 26 mil pessoas participavam da corrida, a mais antiga dos EUA, realizada tradicionalmente na terceira segunda-feira do mês de abril.
Explosões simultâneas
As duas explosões, em lugares bastante concorridos, aconteceram "simultaneamente", disse o chefe Ed Davis.
Imagens de sangue pelas calçadas e ruas cheias de escombros, equipes de socorro e macas mudaram a cobertura no noticiário e se espalharam pelo mundo.
Segundo testemunhas, as explosões aconteceram atrás das grades de contenção do público e relativamente afastadas dos corredores.
O chefe de polícia pediu prudência à população, recomendando que as pessoas permaneçam em suas casas. O mesmo pedido foi feito pelo governador Deval Patrick.
Além de Boston, a segurança foi reforçada em Nova York e em Washington, principalmente, cidades alvo dos atentados do 11 de Setembro.
A explosão de Boston quebrou vitrines de lojas e afetou os indicadores da Bolsa no encerramento do pregão.
"Vimos gente que perdeu as pernas", contou Mark Hagopian, proprietário do Hotel Mark, perto da linha de chegada da maratona.
"Uma delas não tinha mais pernas na altura do joelho, mas estava viva", acrescentou, confirmando ter ouvido duas explosões. Uma das deflagrações teria sido "enorme, sentimos seu sopro na nossa cara".
Outro homem contava à rede CNN que uma das explosões foi tão forte que ele pensou que sua cabeça "ia explodir". Segundo ele, "tinha muito pó, fumaça, vidros", completou, acrescentando que viu várias pessoas "gravemente feridas".
"Quando ouvimos as explosões, todo mundo se olhou e ficou mudo e, em minutos, a polícia chegou", afirmou.
"Há membros humanos, restos de corpos", disse Zara Bielkus, de 30, originária de Boston.
Centros médicos improvisados
Alguns feridos foram tratados no local, na barraca de classificação da corrida, que fica após a linha de chegada e foi transformada em um centro médico improvisado. A maioria das vítimas foi rapidamente transferida para hospitais da cidade.
"Boston é uma cidade forte e resistente", disse Obama, que pediu aos americanos que rezem pelos moradores da cidade.
Elizabeth Warren, senadora por Massachusetts, declarou estar "rezando por aqueles que estavam na maratona de Boston hoje".
A paraguaia Lilia Brítez, que mora em Nova York, disse que se salvou por "milagre": "estávamos a uma quadra do lugar onde houve a primeira explosão. Para nós, soou como uma bomba. Dez segundos depois, ouvimos a segunda explosão. Foi horrível. Não sabíamos o que fazer".
Acompanhada de uma amiga para assistir à maratona, Lilia contou que ambas tentaram sair do local o mais rápido possível. "Em menos de 10 minutos, o lugar ficou cheio de policiais e ambulâncias", disse ela.
Nas mídias sociais, o mundo do atletismo prestou solidariedade e reagiu em choque. Em seu twitter, a britânica Paula Radcliffe, a mulher com mais vitórias de maratona na história, disse estar "horrorizada". Já o campeão etíope Haile Gebrselassie twittou: "meus pensamentos estão com todos os moradores de Boston".
A etíope Elisa Desica foi a vencedora dessa maratona marcada pela tragédia.