Corredores fizeram 30 segundos de silêncio durante largada da Maratona de Londres, ocorrida no último domingo - Foto: LUKE MACGREGOR / REUTERS
Boston – Investigadores norte-americanos acreditam que os dois irmãos suspeitos dos atentados a bomba ocorridos há uma semana em Boston, no Nordeste dos Estados Unidos, que deixaram três mortos e mais de 180 pessoas feridas, estariam planejando outros ataques, depois de terem encontrado um esconderijo com armas, disse ontem o comissário da polícia de Boston, Ed Davis, a um programa de televisão. Os explosivos confeccionados domesticamente foram localizados depois do tiroteio entre a polícia e os dois suspeitos na sexta-feira. “Temos motivos para acreditar, com base nas evidências encontradas – as explosões ocorridas, o material bélico explosivo achado e o poder de fogo que eles tinham – que ambos planejavam cometer novos atentados”, disse Davis. "Isso é o que acredito". Davis disse que um explosivo foi encontrado no automóvel Mercedes que os irmãos foram acusados de roubar.

Foi via TV também que políticos questionaram ontem as autoridades por não terem monitorado suficientemente as atividades do suspeito pelas duas bombas detonadas, Tamerlan Tsarnaev, antes do atentado durante a maratona pelas ruas da cidade, dadas as aparentes crenças extremistas do jovem de 26 anos. Eles reclamaram da investigação do FBI, especialmente porque Tsarnaev esteve na Rússia por seis meses em 2012. Muitos especulam que o jovem de etnia chechena poderia estar sendo treinado por grupos extremistas na região nesse período. Ontem, um grupo insurgente do Cáucaso emitiu comunicado dizendo não ter ligação com o ataque.

O FBI disse ter interrogado Tsarnaev em 2011 a pedido do governo russo, mas como não encontrou nenhum indicativo suspeito, encerrou o caso. Tamerlan morreu na madrugada de quinta para sexta feira, depois de uma troca de tiros com policiais. Residentes de Boston reuniram-se ontem em oração e reflexão depois de uma semana tumultuada, enquanto o único sobrevivente suspeito do atentado se encontra hospitalizado e sem condições de ser interrogado. Dzhokhar Tsarnaev, de 19, irmão de Tamerlan, foi capturado na noite de sexta-feira, escondido dentro de um barco estacionado no quintal de uma casa em Watertown. Ele estava gravemente ferido com dois tiros, sendo um na garganta. Ao mencionar um ferimento na nuca, os investigadores levantaram a hipótese de uma tentativa de suicídio, informou um canal de TV. Boletim médico do Centro Beth Israel Deaconess, onde ele está internado, informou que seu estado é muito grave. Ele está entubado e sob efeito de sedativos.

INSURGENTES No comunicado divulgado ontem, o comando Mujahideen Emirado do Cáucaso da Província do Dagestão declara que os combatentes do Cáucaso não executam nenhuma ação militar contra os Estados Unidos da América, numa tentativa de se distanciar do atentado a bomba. “Só combatemos a Rússia, que é responsável não só pela ocupação do Cáucaso, mas por monstruosos crimes contra os muçulmanos”, afirma a nota oficial, publicada no site Kavkazcenter.com.

A insurgência contra a Rússia tem raízes em dois conflitos que tropas russas travaram contra os separatistas chechenos após a dissolução da União Soviética, em 1991. A nota dos militantes que operam no Daguestão, onde os irmãos Tsarnaev passaram um tempo quando crianças, informa ainda que o grupo liderado por Emir Dokku Umarov, um dos homens mais procurados pelo governo russo, é proibido de promover qualquer tipo de ataque a civis. O Daguestão é uma república vizinha da Chechênia com uma grande comunidade da minoria chechena.