Dzhojar Tsarnaev, o suspeito do duplo atentado na Maratona de Boston da semana passada, foi formalmente acusado nesta segunda-feira de uso de armas de destruição em massa, e poderá enfrentar a pena de morte se for declarado culpado.
O suspeito, de 19 anos, internado em estado grave após ter sido preso na sexta, também foi acusado de "destruição voluntária de bens com um artefato explosivo", informou o Departamento de Justiça em um comunicado.
O jovem de 19 anos será julgado por um tribunal civil, explicou nesta segunda-feira o porta-voz da Casa Branca, que rejeitou que Tsarnaev, de origem chechena mas com nacionalidade americana, seja tratado como "combatente inimigo", o que o livra de comparecer em um tribunal militar de exceção, como pediam congressistas republicanos.
"Mais uma vez, mostramos que aqueles que atacarem americanos inocentes e tentarem aterrorizar nossas cidades não se livrarão da justiça", afirmou o procurador geral, Eric Holder.
"Embora nossa investigação siga em andamento, o processo de hoje dá um final positivo a uma semana trágica para a cidade de Boston e para todo o país", acrescentou Holder.
A primeira audiência da justiça americana contra Tsarnaev, foi marcada para o dia 30 de maio, mas não se sabe no momento se o jovem suspeito poderá comparecer.
Tsarnaev é suspeito de ser um dos autores do pior atentado cometido em território americano desde 11 de setembro de 2001 junto com seu irmão Tamerlan, de 26 anos, que morreu em um confronto com a polícia na quinta-feira.
Começa o interrogatório
Apesar da gravidade de seu estado de saúde, que o impede de falar, Tsarnaev começou a responder "esporadicamente" por escrito às perguntas da polícia nesta segunda.
Os investigadores buscam respostas que permitam entender quais foram os motivos que levaram os dois irmãos a praticar o duplo atentado. As hipóteses vão de uma radicalização repentina de Tamerlan e sua eventual influência sobre seu irmão mais novo, a uma frustração social própria de jovens imigrantes em um país onde viviam há cerca de dez anos, apesar da aparente integração de Dzhojar.
Além disso, a polícia espera saber se ambos tiveram cúmplices ou se planejavam outros atentados.
O chefe da Polícia de Boston, Ed Davis, lembrou que os irmãos Tsarnaev possuíam ainda três bombas de fragmentação rudimentares quando enfrentaram os policiais na quinta-feira à noite.
Um minuto de silêncio
Boston parou nesta segunda às 14h50 (15h50 de Brasília), hora exata da primeira explosão, para respeitar um minuto de silêncio e "refletir sobre o que aconteceu esta semana e lembrar daqueles que perderam a vida ou a tiveram mudada para sempre", disse o prefeito de Boston, Thomas Menino, em um comunicado.
Depois de uma semana de terror com os ataques e a caçada humana lançada posteriormente pela polícia, os cidadãos da capital de Massachusetts (nordeste) retomaram a vida normal.
Mas no bairro de Back Bay, onde ocorreram os ataques que deixaram três mortos e mais de 180 feridos, seis ruas permaneciam fechadas.
Na rua Bolyston, local em que se ficava a linha de chegada, os investigadores continuavam buscando provas. Lojas e restaurantes estavam fechados e os moradores de vários edifícios ainda não podiam voltar para casa.
A investigação também se concentra em interrogar conhecidos dos suspeitos e testemunhas, e nas análises de contas telefônicas, bancárias e dos computadores.
A esposa de Tamerlan, Katherine Russell, uma americana convertida ao Islã que teve uma filha com ele, se negou a falar com os policiais, segundo seu advogado citado pela imprensa.
Uma das pistas leva à Rússia e aos "cinco meses e treze dias" que Tamerlan passou no Daguestão em 2012, disse à AFP uma fonte das forças de ordem locais.
A família Tsarnaev chegou em 2002 aos Estados Unidos oriunda do Quirguistão.