Oito navios chineses entraram nesta terça-feira nas águas territoriais das Ilhas Senkaku, administradas por Tóquio mas reivindicadas por Pequim, no mesmo dia da visita de 170 deputados japoneses ao polêmico santuário de Yasukuni, em Tóquio, informaram as autoridades japonesas.
Esta é a primeira vez que tantos navios do governo chinês entram juntos na zona de 12 milhas náuticas (22 km) em torno destas pequenas ilhas no Mar da China Oriental, palco de uma antiga disputa entre Tóquio e Pequim.
O governo japonês convocou o embaixador chinês para protestar contra a presença dos navios na região enquanto o porta-voz Yoshihide Suga protestou "energicamente com a China".
A China reivindica o arquipélago, chamado de Diaoyu por Pequim, e envia com frequência navios e até aviões para sobrevoar a região, especialmente após Pequim comprar três das cinco ilhas da família japonesa proprietária do local.
Apesar de sua controvérsia pela soberania, Japão e Taiwan assinaram um acordo no início de abril que permite aos pescadores taiwaneses operar em torno de Senkaku, o que ha despertou a preocupação da China.
O movimento nacionalista japonês Ganbare Nippon anunciou o envio de barcos de pesca, com 150 pessoas a bordo, para apoiar a soberania japonesa sobre o arquipélago.
A chegada dos navios ocorreu paralelamente à visita de 170 legisladores japoneses ao polêmico santuário xintoísta de Yasukuni, em Tóquio, que honra a memória dos 2,5 milhões de soldados japoneses mortos por seu país e visto pelos chineses como um símbolo do passado militarista do Japão.
A visita desta terça foi a mais importante já realizada pelos deputados japoneses desde 1989. Entre os militares mortos homenageados em Yasukuni estão 14 oficiais declarados culpados por crimes de guerra durante a Segunda Guerra Mundial.
A presença dos cerca de 170 deputados e senadores de diversos partidos, mas principalmente do Partido Liberal Democrático (PLD, conservador) em Yasukuni se enquadra nas homenagens do festival de primavera do santuário.
No final de semana passado, três ministros japoneses, entre eles o vice-premier e ministro das Finanças, Taro Aso, visitaram o santuário, situado no centro da capital.
O primeiro-ministro Shinzo Abe se absteve de ir a Yasukuni, mas no domingo consagrou um objeto de madeira utilizado nos rituais, chamado masakaki.
Este lugar é visto pelos chineses, e também pelos coreanos, como um símbolo do passado militarista do Japão, e as visitas de altos funcionários japoneses ao local costumam provocar vivas críticas antijaponesas em Pequim, Seul e Pyongyang.
As relações do Japão com seus vizinhos estão marcadas por dolorosas recordações da colonização da Coreia (1910-1945) e a ocupação japonesa por parte da China durante os anos 1930-1945.