Boston (EUA) – Os irmãos Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev, apontados como suspeitos do atentado em Boston, teriam agido em resposta à atividade americana no Iraque e no Afeganistão, afirmou o mais novo, Dzhokhar, de 19 anos, que segue internado no Centro Médico Beth Israel. A informação foi divulgada pelo jornal Washington Post, que cita funcionários com acesso ao interrogatório feito com o rapaz no último domingo. Dzhokhar assumiu que ele e Tamerlan, de 26, morto em troca de tiros com policiais, durante tentativa de fuga, agiram sozinhos e não mantinham relação com grupos extremistas.
O FBI (polícia federal dos EUA) examinou celulares e computadores dos jovens e não encontrou nenhuma indicação de que tenham recebido ajuda externa. Segundo Dzhokhar, eles aprenderam a construir bombas caseiras seguindo instruções de uma revista on-line, publicada pela rede Al-Qaeda. Autoridades ainda tentam entender como ocorreu o processo de radicalização dos irmãos, que viveram nos Estados Unidos por cerca de 10 anos. Nascidos em uma família da Chechênia, região separatista russa, de maioria muçulmana, os jovens foram expostos a atrocidades da guerra, durante a infância, e chegaram a viver com os pais no vizinho Daguestão – outro foco de extremismo separatista. O pai dos suspeitos deve viajar hoje para os EUA, confirmou a mãe dos rapazes, Zubeidat Tsarnaeva, ainda inconformada e incrédula com as acusações.
A secretária de Segurança Interna, Janet Napolitano, confirmou ontem no Senado que o FBI tinha conhecimento da intenção de Tamerlan de viajar para a Rússia em 2012. A viagem não foi monitorada devido a um erro na grafia do nome do rapaz por um funcionário de companhia aérea, o que fez com que ele embarcasse sem despertar a atenção da polícia. Tamerlan passou quase seis meses no Daguestão, onde pode ter recebido treinamento de organizações extremistas. O FBI já havia investigado Tamerlan e descartado seu envolvimento com terrorismo, mas mantinha atenção, desde que o governo de Moscou alertou sobre atividades suspeitas. Quando voltou à América, o jovem abriu uma conta no YouTube, onde passou a postar vídeos fanáticos muçulmanos.
Apesar de religiosos, os irmãos não eram vistos com frequência na mesquita de Cambridge, o subúrbio universitário de Boston onde moravam, segundo nota da Sociedade Islâmica local. Nos últimos meses, porém, Tamerlan teria provocado distúrbios ao interromper pregações com as quais não concordava. De acordo com responsáveis pela mesquita, os rapazes não apresentavam nenhum comportamento violento.
A mulher de Tamerlan, Katherine Russell, de 24 anos, uma americana convertida ao islã, está "absolutamente chocada", de acordo com seu advogado, que conversou ontem com a imprensa. Ele reafirmou que Katherine e sua família desconheciam qualquer atividade terrorista dos irmãos Tsarnaev, e garantiu que "ela está fazendo tudo que pode para ajudar na investigação".