Os irmãos acusados de terem cometido o atentado de Boston receberam ajuda financeira do governo americano, confirmou ontem a Secretaria Executiva de Saúde e Serviços Humanos. Quando chegaram aos Estados Unidos, há cerca de 10 anos, os jovens foram beneficiados pelo auxílio pago aos pais, que eram refugiados da guerra na Chechênia e no Daguestão, regiões separatistas da Rússia. O mais velho da dupla, Tamerlan Tsarnaev, de 26 anos, morto em troca de tiros com a polícia, recebia, em 2012, benefícios relativos à mulher e à filha, hoje com 2 anos, mas o pagamento foi cancelado quando a renda da família superou o limite estipulado.
Agentes americanos viajaram anteontem ao Daguestão para interrogar os pais dos rapazes, segundo um funcionário da embaixada dos EUA em Moscou. Anzor e Zoubeïdat Tsarnaev prestaram depoimento durante várias horas no quartel-general do Serviço Secreto russo, o FSB, informou uma fonte de segurança do Daguestão. "Os pais foram deixados em casa, mas, pela manhã, a mãe voltou para novo interrogatório", relatou o funcionário.
Internado desde a noite de sexta-feira, quando foi capturado, Dzhokhar assumiu a coautoria do atentado, que matou três pessoas e deixou mais de 260 feridos. Apesar da confissão, a família não acredita que os rapazes seriam capazes de tramar o ato de terror e defende a inocência de ambos. "Os pais responderam que ele não teve nenhum contato com islamitas radicais", disse o agente de segurança russo sobre a viagem feita por Tamerlan à Rússia, em 2012.
Autoridades investigam a visita do rapaz e suspeitam que ele possa ter recebido treinamento terrorista durante os quase seis meses que passou na região. Na época, Tamerlan informou que o motivo da viagem era obter um novo passaporte russo, mas ele nunca se apresentou para recolher o documento, o que aumentou as desconfianças. De acordo com a agência russa RIA Novosti, Anzor e Zoubeïdat concordaram em viajar aos EUA para auxiliar na investigação. Eles podem embarcar ainda hoje, mas a data não foi oficialmente confirmada.
Em Boston, o dia foi de mais homenagens. Uma grande cerimônia, com a presença do vice-presidente Joe Biden, foi realizada no Massachusetts Institute of Technology (MIT) para o policial Sean Collier, morto no câmpus da instituição na noite de quinta-feira, no tiroteio que deu início à perseguição dos irmãos Tsarnaev. "O que me faz tão orgulhoso de ser americano é que nós não nos rendemos ao medo", disse Biden às centenas de pessoas que acompanharam o evento. "Não fechamos as nossas fronteiras", concluiu.