Soldados israelenses enfrentaram manifestantes na Cisjordânia nesta quarta-feira, dia em que os palestinos comemoram a "Nakba" (catástrofe, em árabe), simbolizada pela criação de Israel em 1948 e pelo consequente êxodo de 760 mil pessoas.
Os confrontos mais intensos ocorreram em frente à prisão militar israelense de Ofer, perto de Ramallah, na Cisjordânia, informou um porta-voz militar israelense.
Os soldados dispararam balas de borracha contra os manifestantes, e 15 deles ficaram feridos, disseram fontes médicas palestinas. De acordo com o Exército israelense, os manifestantes revidaram com pedras nos soldados.
Um palestino foi ferido a bala na cabeça em Beit Ommar, perto de Hebron (sul da Cisjordânia), disseram fontes de segurança palestinas.
Em Ramallah, onde fica a sede da Autoridade Palestina, os palestinos fizeram soar uma sirene por 65 segundos - um segundo por cada ano do 65o aniversário.
Também houve protestos na Faixa de Gaza, onde os participantes erguiam bandeiras palestinas e chaves, para simbolizar os lares perdidos dos refugiados. Muitos carregavam cartazes com os nomes das localidades destruídas durante a "Nakba".
O Exército israelense anunciou que quatro soldados ficaram levemente feridos no incêndio do veículo, no qual se deslocavam, atacado por uma bomba incendiária.
Em Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel, houve confrontos na Porta de Damasco, principal acesso à Cidade Velha. A polícia israelense prendeu 27 pessoas, e três policiais e um civil israelenses ficaram feridos, disse uma porta-voz policial.
Em Nablus, norte da Cisjordânia, mais de mil pessoas foram às ruas e, em Hebron (sul), pelo menos 300 manifestantes se reuniram.
Em Gaza, governada pelo movimento islamita Hamas, milhares de pessoas protestaram, caminhando da Praça do Soldado Desconhecido até a sede de representação das Nações Unidas.
"Voltaremos às cidades e aldeias palestinas. Pouco importa o tempo que tenhamos de esperar. O direito ao retorno é sagrado e inalienável", podia-se ler em um dos cartazes da manifestação.
Um projetil disparado da Faixa de Gaza caiu na tarde desta quarta no sul de Israel, sem deixar vítimas, ou provocar danos, anunciou a polícia israelense.
A "Nakba" representou o êxodo de cerca de 760 mil palestinos, devido ao avanço das tropas sionistas, durante a guerra entre israelenses e árabes que se seguiu à proclamação do Estado de Israel em 15 de maio de 1948. Esse foi o ponto de partida da questão dos refugiados palestinos.
Segundo o último censo, já chega a cinco milhões o número de refugiados palestinos e de seus descendentes, distribuídos, sobretudo, pela Jordânia, Síria, Líbano e pelos Territórios Palestinos.
Cerca de 160 mil palestinos permaneceram no que agora é Israel. Hoje, eles somam 1,35 milhão e correspondem a 20% da população do Estado israelense. São 11 milhões de palestinos espalhados pelo mundo.