Jornal Estado de Minas

Drones para matar

Governo dos EUA admite que vem utilizando aviões teleguiados contra indivíduos que são identificados como terroristas em países asiáticos, após %u2018investigações profundas%u2019

Jorge Macedo - especial para o EM

Adis Abeba (Etiópia) – O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, defendeu ontem a utilização de aviões teleguiados por seu país para matar pessoas identificadas como terroristas, ressaltando que tais ações estavam sendo efetuadas após verificações aprofundadas. “Primeiramente, houve poucos ataques com drones este ano. Por quê? Nossos esforços para eliminar a Al-Qaeda no Paquistão tiveram êxito”, declarou Kerry em um encontro com estudantes etíopes em Adis Abeba, onde participa das festividades dos 50 anos da União Africana, abertas no sábado com a presença da presidente Dilma Rousseff. “Nós apenas disparamos contra alvos terroristas confirmados como tais pelas mais altas autoridades, após verificações aprofundadas”, salientou Kerry.
A utilização pelos Estados Unidos de aviões teleguiados para matar chefes talibãs ou líderes da Al-Qaeda, depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, suscita controvérsia, principalmente no Paquistão e no Afeganistão. Esses ataques são efetuados sem aviso prévio aos governos responsáveis pelos territórios atingidos e, algumas vezes, causam vítimas civis. Kerry afirmou que o programa norte-americano de recursos aos drone “é um dos mais rígidos, dos mais responsáveis e dos mais justos”. “Precisamos às vezes de um ano para nos assegurarmos de que temos razão” na escolha de um alvo, continuou o secretário de Estado norte-americano. O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou na quinta-feira a formulação de regras estritas para regular os ataques com drones tendo como alvo supostos terroristas em território estrangeiro.
REINO UNIDO  O governo do Reino Unido está criando uma força-tarefa para lidar com clérigos radicais e o terrorismo, anunciaram ontem autoridades britânicas, dias depois de dois suspeitos aparentemente envolvidos com atividades islâmicas extremistas terem assassinado um soldado britânico numa rua de Londres. Segundo a Secretária do Interior, Theresa May, o grupo vai avaliar se novos poderes e leis serão necessários para conter líderes religiosos e organizações que propagam mensagens extremistas e buscam recrutar novos adeptos em prisões, escolas e mesquitas. May comentou que milhares de pessoas estão sujeitas a serem atraídas pelo radicalismo no Reino Unido.
A decisão de formar a força-tarefa veio depois de o soldado britânico Lee Rigby, de 25 anos, ter sido atropelado e morto a facadas no Sudeste de Londres no dia 22. Os dois homens suspeitos de terem matado Rigby, Michael Adebolajo, de 28 anos, e Michael Adebowale, de 22, estão sob segurança policial em dois hospitais diferentes da capital inglesa, após terem sido baleados por forças de segurança no local da ocorrência. Mais dois suspeitos foram presos por agentes antiterroristas, um no sábado e outro ontem. Todos eles têm idade entre 21 e 28 anos.
O principal suspeito do assassinato bárbaro de um soldado britânico em Londres havia sido preso em 2010 no Quênia, perto da Somália, por suspeita de se reunir com islamitas shebab, afirmaram ontem as autoridades quenianas, confirmando informações da imprensa britânica. Adebolajo, que reivindicou a morte do soldado, foi detido com seis homens em novembro de 2010 na Ilha de Pate, que fica a 60 quilômetros da Somália, onde atuam os insurgentes shebab ligados à rede Al-Qaeda. A detenção de Michael Adebolajo foi confirmada pelo porta-voz do governo queniano, Muthui Kariuki. “Ele não foi processado. Foi enviado diretamente ao representante local do serviço secreto MI5”, explicou.
Além disso, o outro suspeito do assassinato do soldado britânico, Michael Adebowale, foi preso pela polícia em Londres “há dois meses, devido a queixas de comerciantes referentes a um grupo de muçulmanos”, afirmou o Sunday Telegraph. Adebolajo reivindicou o crime em um vídeo amador filmado a alguns metros de distância do crime, onde ele aparece com uma faca e as mãos cobertas de sangue. Ele explica que agiu em retaliação pelos “muçulmanos mortos diariamente por soldados britânicos”.

Caçada na França

Uma unidade antiterror da França está investigando o esfaqueamento de um soldado francês em Paris na tarde de sábado. Segundo a polícia, o ato pode ter sido inspirado pelo assassinato de um soldado britânico em Londres no dia 22. Um homem com barba, de cerca de 30 anos, possivelmente de origem norte-africana, está sendo procurado pelas forças de segurança francesas. Ele entrou em uma estação de trem lotada, depois de atacar o soldado de 23 anos pelas costas, com uma faca ou com um estilete. O ministro do interior, Manuel Valls, está na coordenação da investigação.