O dissidente chinês Chen Guangcheng acusou seu país de pressionar de forma contínua a Universidade de Nova York, e assegurou que esta situação levou a instituição a rescindir sua bolsa de estudos.
"Desde agosto e setembro, os comunistas chineses começaram a pressionar de forma significativa a Universidade de Nova York, de tal forma que, três ou quatro meses depois de chegar, a NYU (sigla em inglês do centro universitário) começou a falar sobre nossa partida", declarou o advogado chinês em um comunicado.
Chen, de 41 anos e cego desde a infância, passou a ser conhecido em todo o mundo por expor as esterilizações forçadas e abortos em estágios avançados da gravidez impostos pela política do filho único em seu país.
Em 19 maio de 2012, chegou a Nova York com sua esposa e dois filhos, depois de fugir de sua prisão domiciliar e se refugiar na embaixada dos Estados Unidos na China, provocando uma crise diplomática entre Washington e Pequim.
"A influência dos chineses comunistas nos círculos acadêmicos dos Estados Unidos é muito maior do que as pessoas imaginam", disse Chen, que indicou que deixará ainda este mês a universidade.
"A independência e a liberdade acadêmica nos Estados Unidos estão sob a ameaça de um regime totalitário", acrescentou.
O porta-voz da NYU, John Beckman, afirmou em um comunicado que a universidade sempre foi clara sobre a duração de um ano da bolsa de estudos concedida a Chen, e observou que o chinês tem "duas ofertas extremamente atraentes" para sua próxima fase.
A Universidade de Nova York afirmou estar "muito desanimada" com as observações de Chen e insistiu ter sido "extraordinariamente generosa" ao facilitar o alojamento, alimentação, seguro saúde, aulas de línguas, contatos com um editor e outros tipos de ajuda ao ativista e sua família.
"Estamos perplexos e tristes com essas falsas afirmações sobre nós. Continuaremos a ajudar aos Chen em sua transição", manifestou Beckman.