A procuradoria de Budapeste indiciou nesta terça-feira, após um ano de investigação, o suposto criminoso de guerra nazista Laszlo Csatary, acusado de ter supervisionado as deportações de 12.000 judeus para campos de extermínio durante a II Guerra Mundial.
"O tribunal dispõe de no máximo 90 dias para iniciar o processo judicial", declarou à AFP Bettina Bagoly, porta-voz da procuradoria.
Csatary, de 98 anos, está em prisão domiciliar desde o ano passado e aparece na lista de supostos criminosos de guerra mais procurados do Centro Simon Wiesenthal.
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Justiça da Hungria adia depoimento do ex-militar nazista Laszlo CsataryCriminoso nazista Laszlo Csatary é colocado em prisão domiciliarDeputado francês diz que Hitler não matou ciganos suficientesEm um comunicado, a procuradoria lembra que Csatari foi nomeado chefe da polícia da cidade de Kassa (atualmente Kosice, na Eslováquia) em 1942.
"Após a ocupação alemã de Kassa em março 1944 foi criado um gueto na cidade, para onde foram deportados a maioria dos judeus da localidade entre 15 e 22 de abril 1944, com a ajuda da polícia local", destaca um comunicado da justiça.
A procuradoria acredita que 12.000 judeus viviam na época no gueto.
"Laszlo agredia regularmente os judeus do gueto, dava chicotadas sem razão aparente, sem importar as circunstâncias, o gênero, a idade ou o estado de saúde das pessoas", afirma a nota.
A procuradoria destaca a crueldade de Csatary ao recordar que ele proibiu janelas nos vagões de um trem de mercadorias que abrigava quase 80 pessoas, que não tinham acesso a ar fresco.
Mais tarde, no mês de maio, Csatary colaborou na deportação dos judeus em trens para o campo de extermínio nazista de Auschwitz, na Polônia.
"Por suas ações e seu comportamento, Laszlo Csatary contribuiu intencionalmente para as execuções ilegais e torturas cometidas contra judeus, que foram expulsos de Kassa para campos de concentração nazistas", completa a procuradoria.
Em 1948, Csatary foi condenado à morte à revelia por um tribunal da Tchecoslováquia. Mas em março de 2013 um tribunal de Kassa comutou a pena por prisão perpétua. As autoridades eslovacas poderiam pedir a Hungría a extradição de Csatary.
Csatary sempre negou as acusações, incluindo a de ter sido chefe da polícia do gueto de Kassa e de ter assinado documentos como tal, apesar do Museu do Holocausto em Budapeste ter apresentado um documento assinado por ele como comandante do gueto. Csatary nega inclusive que era antissemita. O julgamento de Csatary pode começar em meados de setembro.