O presidente Barack Obama prestou homenagem nesta quinta-feira ao ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, a quem chamou de "herói para o mundo", e manifestou seu apoio aos homossexuais africanos perseguidos.
Mandela, de 94 anos, hospitalizado há três semanas em Pretória, "é um herói para o mundo e, quando deixar este mundo (...), todos saberemos que seu legado é um dos que perdurarão no tempo", afirmou Obama em uma entrevista coletiva à imprensa.
Sem dúvida, o presidente americano pensou nele quando visitou na tarde desta quinta à ilha de Goreia, perto da costa de Dacar, de onde partiram para o novo mundo milhões de escravos.
"É um momento muito forte", afirmou Obama, acrescentando: "Evidentemente, para um afro-americano, um presidente afro-americano, ter a possibilidade de visitar este local, dá mais motivação para defender os direitos em todo o mundo".
Barack Obama, de pai queniano, estava acompanhado em Goreia de seu esposa, Michelle, uma descendente de escravos, e de suas filhas Malia e Sasha.
Seus antecessores Bill Clinton e George W. Bush também tinham visitado o local em 1998 e em 2003, respectivamente.
Consultado pela imprensa que o acompanha, o presidente classificou de "vitória para a democracia americana" a decisão da Suprema Corte de Justiça em favor do casamento gay nos Estados Unidos.
-- "Todos devem ter os mesmos direitos" --
O presidente dos Estados Unidos aproveitou a oportunidade para manifestar seu apoio aos homossexuais perseguidos na maioria dos países da África.
"Minha opinião é que, independentemente de raça, religião, gênero e orientação sexual, no que diz respeito à lei, todos nós devemos ter os mesmos direitos", declarou Obama em Dacar.
Mas o presidente anfitrião, o senegalês Macky Sall respondeu que, embora seja "muito tolerante", seu país "ainda não está preparado para descriminalizar a homossexualidade".
Recentemente, Sall descartou a adoção de uma lei para autorizar a homossexualidade no Senegal, exigida por organizações de defesa dos direitos humanos.
Apesar dessa divergência, Obama e Sall afirmaram que compartilham os mesmos valores em relação à "democracia" e à "boa governança".
"O Senegal é uma das democracias mais estáveis na África e um dos sócios mais fortes que temos na região", afirmou Obama.
"Está realizando reformas para reforçar as instituições democráticas. Creio que o Senegal pode ser um grande exemplo", assegurou, e elogiou o progresso "impressionante" que todo o continente africano está fazendo para aperfeiçoar a democracia e o reforço dos direitos de seus cidadãos, sobretudo em Gana e Costa do Marfim.
O Senegal, ex-colônia francesa, se tornou independente em 1960 e nunca registrou um golpe de Estado, algo lembrado pelo mandatário americano.
O Senegal é uma exceção na África Ocidental, uma região assolada pela violência política e militar, em particular o vizinho Mali, mergulhado em uma crise após o golpe de Estado de março de 2012.
Nos arredores do palácio presidencial onde foram realizados o encontro entre Obama e Sall e sua coletiva de imprensa conjunta, ressoaram os toques dos atabaques e gritos de boas-vindas das centenas de pessoas que queriam saudar o presidente americano.
Em troca, o centro de Dacar estava praticamente deserto devido às rígidas medidas de segurança impostas em ocasião da ilustre visita.
Após o banquete oficial oferecido pelo presidente Sall, Obama, que chegou na quarta-feira a Dacar, deve passar sua última noite em terras senegalesas antes de viajar na sexta de manhã para a África do Sul, em uma visita que pode ser alterada se Mandela morrer. O primeiro presidente negro da África do Sul e herói da luta contra o apartheid, encontra-se em estado muito grave em um hospital de Pretória.
Obama também deve visitar a Tanzânia em sua primeira viagem africana.