O plano do Exército egípcio para o caso de renúncia do presidente Mohamed Mursi prevê um governo provisório e a suspensão da Constituição por um período de até um ano, revela nesta quarta-feira o site do jornal Al-Ahram.
Na noite de segunda-feira, o Exército deu a Mursi o prazo de 48 horas para que "satisfaça as reivindicações do povo" ou se submeta às medidas para resolver a crise.
Mursi rejeitou na noite de terça o ultimato dos militares afirmando que a "legitimidade" é "a única garantia contra o derramamento de sangue".
Sob o título "Licenciamento ou demissão", em referência a Mursi, o site vinculado ao governo revela que o Exército prevê a "suspensão da Constituição" aprovada em dezembro, que segundo os críticos prepara o caminho para a 'islamização' do Egito.
Uma nova Constituição seria redigida por especialistas "levando-se em conta as necessidades dos diferentes componentes do povo", antes de um referendo para aprovar a nova carta.
O texto também seria submetido ao Al-Azhar, a máxima autoridade religiosa sunita do país.
Segundo o site, "um Conselho Presidencial de três membros, liderado pelo presidente da Suprema Corte Constitucional", ficará encarregado de "administrar os assuntos do país" durante "um período transitório de nove meses a um ano".
Este 'Conselho' é uma exigência da oposição, incluindo o movimento Tamarrod (rebelião em árabe), que está na origem dos protestos exigindo a demissão de Mursi.
Além disso, um "governo provisório, sem filiação política", será formado para um "período de transição", sob a "direção de um dos chefes do Exército".
Estas autoridades de transição deverão "preparar as eleições presidenciais e legislativas na ordem que será determinada pela nova Constituição", acrescenta o Al-Ahram.
"O Exército, durante todo o período de transição, ficará encarregado de supervisionar estes procedimentos (...) a fim de garantir sua aplicação imparcial".
Os militares egípcios assumiram o Executivo em um polêmico governo interino que durou entre a queda do presidente Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, e a chegada de Mursi ao poder, em junho de 2012.