Jornal Estado de Minas

Irmandade Muçulmana rejeita diálogo com novo governo do Egito

Golpe de estado é condenado em nota

Agência Estado

Militares organizaram um espetáculo aéreo sobre a Praça Tahrir para celebrar novo governo - Foto: AFP PHOTO/GIANLUIGI GUERCIA  

A Irmandade Muçulmana egípcia anunciou nesta quinta-feira (4) que não vai participar de qualquer diálogo com as novas autoridades do país e voltou a condenar o “golpe de Estado" em que foi deposto o presidente Mouhamed Mursi. “Anunciamos nossa categórica rejeição do golpe de Estado contra o presidente eleito e a vontade do povo, e recusamos participar de qualquer diálogo com o novo governo”, diz comunicado divulgado pela Irmandade Muçulmana na sua página na internet.

 Na declaração, a Irmandade apela para protestos pacíficos e critica qualquer forma de violência. “Rejeitamos as práticas repressivas do Estado policial, como os assassinatos, as detenções e as restrições à liberdade dos meios de comunicação e o fechamento de canais ”, acrescenta o comunicado, referindo-se à detenção, pelas forças de segurança, de dirigentes e apresentadores de canais de televisão religiosos islâmicos no Cairo e ao cancelamento de suas emissões.

 

A Justiça egípcia proibiu a saída do país do presidente deposto, que está em lugar desconhecido e será investigado por acusações de insulto ao Poder Judicial, assim como oito dirigentes da Irmandade Muçulmana.

 De acordo com fonte dos serviços de segurança, a Polícia Militar deteve hoje o líder supremo da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, a pedido da Procuradoria egípcia.

 A Procuradoria tinha já ordenado a prisão dos líderes da organização e de seu partido, Liberdade e Justiça, em operação que foi desencadeada na noite passada, logo após o alto comando militar ter anunciado a deposição de Mouhamed Mursi.

 Em comunicado, o partido salafista Al Nur, que ficou em segundo lugar nas eleições legislativas egípcias, considerou a experiência de Mursi no governo “um fracasso, em consequência de práticas equivocadas que conduziram a uma divisão da sociedade egípcia”. O Al Nur diz que apresentou várias propostas para superar a crise política, que foram rejeitadas pela Presidência, contribuindo para que a oposição política a Mursi se convertesse em “oposição popular apoiada pelas instituições do Estado”.