As forças contrárias a Mohamed Mursi lançaram um chamado urgente para que se manifestem em massa no Egito. A ideia é contra-atacar as manifestações favoráveis ao ex-presidente, já que a Irmandade Muçulmana convocou uma onda de protestos para esta sexta-feira.
"A Frente de Salvação Nacional (FSN) lança uma convocação urgente para que todos se mobilizem em todas as praças do Egito em apoio à revolução de 30 de junho", em referência à data e que começaram as manifestações em massa que resultaram na queda de Mursi.
A Irmandade Muçulmana do Egito está está irritada com a deposição, pelos militares, do presidente Mohammed Mursi, o que eleva os temores sobre violência e medidas de retaliação por parte de militantes islâmicos. Mursi e outras importantes figuras da Irmandade foram detidos após serem derrubados por um golpe de Estado militar na quarta-feira.
O primeiro ataque coordenado realizado por militantes islâmicas desde a queda do presidente aconteceu na Península do Sinai. Homens usando máscaras realizaram ataques com foguetes, morteiros, granadas propelidas por foguete e armas antiaéreas contra o aeroporto el-Arish, onde aeronaves militares estão estacionadas. O campo de Segurança Central em Rafah e cinco postos militares e policiais também foram atacados.
As forças de segurança revidaram o ataque e helicópteros militares sobrevoaram a área. O Egito fechou, por tempo indeterminado, seu posto de fronteira com a Faixa de Gaza após o ataque, o que obrigou 200 palestinos a voltarem ao território, informou o general Sami Metwali, diretor da passagem fronteiriça de Rafah.
Na noite de quinta-feira, o coronel Ahmed Mohammed Ali escreveu, em sua página no Facebook, que o Exército e as forças de segurança não adotarão "quaisquer medidas excepcionais ou arbitrárias" contra qualquer grupo político.
As Forças Armadas têm um "forte desejo de assegurar a reconciliação nacional, a justiça e a tolerância construtivas", escreveu ele, que afirmou ser contra o "regozijo" e a vingança e que apenas protestos pacíficos serão tolerados. O coronel também pediu que os egípcios não ataquem escritórios da Irmandade para evitar um "círculo infindável de represálias".
Integrantes da Irmandade pediram a seus seguidores que mantenham os protestos num nível pacífico. Milhares de partidários de Morsi permanecem reunidos em frente a uma mesquita do Cairo, onde acampam há semanas. Uma fileira de veículos militares blindados está instalada nas proximidades.
"Nós declaramos nossa completa rejeição ao golpe militar realizado contra um presidente eleito e contra o desejo da nação", disse a Irmandade em comunicado, lido pelo clérigo sênior Abdel-Rahman el-Barr para a multidão que se aglomerava do lado de fora da mesquita Rabia al-Adawiya, na capital egípcia.
"Nós nos recusamos a participar de qualquer atividade com as autoridades usurpadoras", diz o documento, que também pede aos partidários de Morsi que mantenham suas atividades de forma pacífica. Os manifestantes de
Rabia al-Adawiya pretendem marchar até o Ministério da Defesa nesta sexta-feira.