Em um levante inédito na crise política do Egito, militantes da Irmandade Muçulmana rebelaram-se e desafiaram o poder dos militares exigindo a libertação do presidente Mohamed Morsi, deposto na quarta-feira (3) por um golpe de Estado. A reação espalhou a violência pelo país, deixando ao menos 30 mortos e levando as Forças Armadas a sitiar o centro do Cairo.
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Dez mortos em confrontos e repressão a protesto no EgitoExército do Egito decreta estado de emergência em áreas ameaçadas por ataquesCríticos e partidários de Mursi convocam novas manifestações no EgitoUnião Africana suspende o Egito em resposta ao golpe militarIrmandade Muçulmana rejeita diálogo com novo governo do EgitoPresidente interino do Egito presta juramento após golpe militarEspecialistas descartam incompatibilidade entre a religião muçulmana e a democraciaCrise no Egito ameaça futuro do islã políticoONU e Estados Unidos fazem apelo por fim da violência no Egito"Eu estou aqui para defender a legitimidade. Morsi é o presidente eleito", afirmou, exaltada, Fatma Abdel, de 29 anos, professora de Alcorão que vestia um véu integral negro (niqab) sob o sol escaldante. "Nós, islamistas, não somos terroristas. Chegamos ao poder pelas urnas e estamos defendendo o resultado."
Pouco depois do meio-dia, um imã deu início à oração de sexta-feira. Ao pronunciar a khutba, o sermão muçulmano, o líder religioso multiplicou as referências a Morsi, fazendo um apelo à reação. "Vocês são os melhores. Mas vocês pensam que Alá os deixará entrar no paraíso sem testar o sentimento que trazem nos seus corações?", questionou o religioso.
Tão logo a oração acabou, milhares de homens partiram em protestos por avenidas adjacentes de Nasr City, interrompendo o trânsito aos gritos de "Fora Sisi", uma referência ao general Abdul Fattah Al-Sisi, que anunciou o golpe de Estado na noite de quarta-feira.