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ONU e Estados Unidos fazem apelo por fim da violência no EgitoElBaradei é nomeado primeiro-ministro do EgitoViolência no Egito mata ao menos 30 pessoasEgito: 10 mortos em confrontos e repressão a protestoSobe a 30 número de mortos no EgitoConfrontos no Cairo deixam 40 mortosEspecialistas descartam incompatibilidade entre a religião muçulmana e a democraciaPadre é assassinado no norte do EgitoMembro do secretariado da Irmandade Muçulmana, órgão que dirige o grupo islamista, Mohamed Soudan acredita na reemergência do movimento, mesmo que Mohamed Morsi não retorne à chefia do Estado. "Se novas eleições forem convocadas, a Irmandade vai certamente adotar um candidato", afirmou ao Estado. "Se Morsi for solto, ele provavelmente será o nosso representante em um novo pleito. Mas se o imputarem por crimes, vamos ter de escolher outro nome."
Para especialistas em Oriente Médio como o diretor da rede de TV Al-Arabiya Abdulrahman al-Rashed, a intervenção militar no Egito indica que a Irmandade Muçulmana "perdeu seu momento". "Eles perderam o governo do maior país árabe. O preço exigido deles para se manter era a coexistência, a participação e a aceitação de um sistema democrático amplo", afirmou em seu blog no site da emissora. "Morsi foi incapaz de seguir esse caminho depois de vencer as eleições."
Exterior
O que parece desde já certo é que a crise política no Egito terá repercussões em todo o Oriente Médio e pode reorientar a Primavera Árabe, ou até mesmo representar uma nova etapa da série de rebeliões iniciadas em dezembro de 2010. No meio intelectual árabe, paira uma expectativa sobre que caminhos os países vizinhos tomarão. Na Tunísia, outro país em que um partido muçulmano assumiu o poder, manifestações à imagem das realizadas na Praça Tahrir chegaram a ser convocadas, mas por ora não se tornaram movimentos de massa contra o presidente eleito, Moncef Marzouki.
Para o historiador Alaya Allani, professor da Universidade de Tunis, o golpe no Egito pode, sim, representar o "início do fim do islã político nos países da Primavera Árabe". "O movimento islamista demonstrou sua incapacidade para instaurar a segurança assim como o desenvolvimento econômico e social", afirmou em entrevista ao jornal francês Le Figaro na qual classificou o golpe de Estado como "revolução corretiva". "O que aconteceu no Egito terá repercussões, em graus diferentes, na Tunísia."
Menos determinista é Antoine Basbous, diretor do Observatório do Mundo Árabe, de Paris, laboratório de referência no assunto na Europa. "O primeiro ano de Morsi foi um fracasso, o povo se revoltou e recebeu o apoio dos militares", entende Basbous, que não classifica a intervenção militar como golpe militar. "O que aconteceu no Egito é uma etapa em um processo."