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Estado de Minas

Júri declara Zimmerman inocente da morte de Trayvon Martin


postado em 14/07/2013 12:34

O ex-vigilante voluntário George Zimmerman, que matou o jovem negro desarmado Trayvon Martin na Flórida há um ano, foi declarado inocente nesta madrugada por um júri popular, após um polêmico julgamento marcado pelo debate sobre o racismo.

"Senhor Zimmerman, eu assino a decisão que confirma o veredicto do júri", declarou a juíza Debra Nelson do Tribunal do condado de Seminole, em Sanford, centro da Flórida.

"Sua fiança será liberada, seu monitor GPS será desligado quando deixar a Corte e você não tem mais pendências com a Justiça", disse a Zimmerman, que apenas expressou alívio ao ouvir a decisão.

Após 16 horas de deliberações, as seis juradas do caso -cinco mulheres brancas e uma de origem hispânica- consideraram Zimmerman inocente.

Tayvon Martin, de 17 anos, foi morto pelo acusado quando caminhava numa noite chuvosa em 26 de fevereiro de 2012 para a casa de seu pai.

Ativistas e líderes comunitários pediram calma à população, temendo protestos e reações violentas.

A polícia reforçou sua presença em Sanford, e centenas de pessoas permaneciam reunidas em frente ao Tribunal de maneira pacífica.

Contudo, confrontos esporádicos foram registrados durante a noite em cidades dos estados de São Francisco, Filadélfia, Chicago, Washington e Atlanta, segundo a imprensa americana.

Em Oakland, Califórnia, os manifestantes quebraram vidraças de lojas e picharam carros, mas a maioria dos protestos foi pacífico.

O veredicto foi aplaudido pelos defensores das armas e considerado frustrante por aqueles que veem neste caso um ato injusto e racista.

"Obviamente, estamos exultantes com o resultado. George Zimmerman nunca foi culpado de qualquer coisa, exceto de proteger-se em autodefesa", declarou o advogado de defesa, Mark O'Mara.

No entanto, Don West, outro advogado de defesa, reconheceu que o caso foi uma "tragédia" pela morte do adolescente e por toda a polêmica levantada sobre a questão.

O caso dividiu o país entre aqueles que acreditam que Zimmerman -filho de pai branco e mãe peruana- matou o jovem por racismo e aqueles convencidos que que o vigilante agiu em legítima defesa.

"Deus nos abençoou, e até mesmo em morte, eu sei que o meu bebê está orgulhoso da luta que, junto com todos vocês, nós travamos", declarou em seu Twitter o pai da vítima, Tracy Martin, pouco depois do veredicto.

Ele e a mãe de Trayvon, Sybrina Fulton, disseram estar "com o coração partido", mas agradeceram àqueles que lutam para que mortes como esta "não voltem a acontecer".

O júri teve de decidir entre as acusações de homicídio qualificado, que pode ser punido com prisão perpétua; assassinato, com pena de até 30 anos de detenção; e inocência, a opção escolhida.

Centenas de pessoas de diversas descendências, em sua maioria estudantes, pastores e ativistas de movimentos afroamericanos, se aproximaram dos portões do Palácio de Justiça em Sanford para exigir "justiça para Trayvon Martin", enquanto outros residentes da Flórida, em sua maioria brancos, comemoraram a inocência de George Zimmerman.

"Este é o fim do nosso sistema de justiça. A Justiça não é igual para todos", declarou Ashton Summer, um jovem de origem porto-riquenha de 20 anos, revoltado com o veredicto.

O promotor Bernie o Rionda, chefe da acusação, disse que estava "desapontado com o veredicto", mas aceitou e, como os demais promotores e advogados de defesa de Zimmerman, pediu para que todos respeitassem de forma pacífica esta decisão.

A promotora do estado, Angela Corey, ressaltou que "fez o seu melhor" para mostrar ao júri todas as evidências de um caso que "merecia ser analisado", e lamentou o resultado.

Zimmerman, de 29 anos, assegura que atirou no jovem em legítima defesa depois de ter sido atacado por Martin, um jovem de Miami.

Pastores de igrejas da comunidade negra e branca no centro da Flórida trabalham com a Promotoria, o Tribunal e a Polícia há meses para levar uma mensagem de paz e tolerância às comunidades locais.

"Para muitos, este era o veredicto menos esperado e temos que dar apoio a essas pessoas para que acreditem na justiça e na necessidade de continuar sua luta em paz", disse à AFP Quintin Faison, pastor da igreja batista Rescue, em Sanford.

Mesmo antes do anúncio do veredicto, moradores de Goldsboro, histórico bairro negro de Sanford, haviam expressado sua rejeição a qualquer ato de violência.

"Não precisamos de distúrbios porque isso pode ficar bem ruim", disse Gail A. Wright, uma moradora de Goldsboro.

A morte de Martin e o fato de o acusado não ter sido imediatamente detido pela polícia no ano passado causou protestos em várias cidades do país, levando o presidente Barack Obama a se pronunciar sobre o caso.

"Se eu tivesse um filho, ele se pareceria com Trayvon", disse Obama ao exigir um debate sobre o racismo e a lei das armas da Flórida.


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