A Espanha decretou três dias de luto oficial pelo acidente de trem ocorrido na quarta-feira em Santiago de Compostela, quando morreram 80 pessoas, em uma das maiores tragédias da história ferroviária do país e que aparentemente causada por excesso de velocidade.
"Quero transmitir em meu nome e do governo da Espanha meu pesar a todas as famílias das pessoas que morreram, e que infelizmente são muitas", afirmou o chefe do executivo, Mariano Rajoy, visivelmente abalado, ao lado do presidente presidente da região da Galícia, Alberto Núñez Feijóo, que horas antes também anunciou 7 dias de luto em sua comunidade.
O descarrilamento do trem também deixou 178 feridos. De acordo com o governo regional, o trem transportava 222 passageiros e fazia a ligação entre Madri e a cidade de El Ferrol, na Galícia.
"Cento e setenta e oito vítimas foram socorridas pelos serviços de emergência. Continuam internados 95 feridos, entre eles 32 na unidade de tratamento intensivo e quatro na unidade pediátrica de tratamento intensivo", declarou a ministra regional de Saúde, Rocío Mosquera.
Agentes da polícia e do serviço de resgate continuam em busca de possíveis novas vítimas entre as ferragens.
O presidente da companhia ferroviária Renfe afirmou nesta quinta-feira que o trem envolvido no acidente não tinha qualquer problema operacional.
"Estes trens passam por uma revisão a cada 7.500 km, e outra revisão a cada 50.000", afirmou Julio Gómez-Pomar Rodríguez.
Segundo a imprensa espanhola, o excesso de velocidade foi a causa do acidente, em um trecho onde havia uma curva acentuada e limite de 80 km/h.
O jornal El País, que cita fontes das investigação, afirma que o trem estava a 180 km/h, muito acima do limite máximo para o trecho.
Outro jornal espanhol, El Mundo, revelou que o trem viajava a 220 km/h no trecho limitado a 80 km/h.
"Estou a 190! Espero que não haja mortos porque vão pesar em minha consciência", teria dito o maquinista por rádio à estação no momento do acidente, segundo o El País.
O delegado do Governo da Galícia Samuel Juárez descartou a hipótese de atentado. "Foi um acidente. Não temos elemento algum que nos permita falar de outra cosa".
O acidente ocorreu no trecho da linha de alta velocidade, em uma curva a 4 km da estação de Santiago de Compostela, localidade de peregrinação conhecida em todo o mundo.
Um porta-voz da Renfe, a companhia ferroviária espanhola, disse que "é preciso esperar" para saber as causas do acidente, mas a "velocidade será conhecida em muito breve com a consulta das caixas pretas".
Rajoy deve viajar na manhã desta quinta-feira para Santiago de Compostela.
No Rio de Janeiro, onde participa das celebrações da Jornada Mundial da Juventude, o papa Francisco pediu que todos rezem pelas vítimas e suas famílias.
As imagens do local mostram vários vagões virados, sendo pelo menos um totalmente destruído.
Uma testemunha que estava no trem afirmou à rádio Cadena Ser que "parece que em uma curva o trem começou a descarrilar e os vagões ficaram uns sobre os outros."
O acidente aconteceu no dia do Apóstolo Santiago, época de grande celebração na região da Galícia.
Santiago de Compostela, capital da região e centro dos festejos, cancelou os eventos que deveriam ser realizados na noite de quarta-feira em homenagem a seu santo padroeiro. A tradicional missa do dia de Santiago foi mantida "com um estrito protocolo de luto".
Este é um dos piores acidentes ferroviários da Espanha. Na década de 40, um trem que também viajava de Madri para a Galícia se chocou com uma locomotiva, deixando centenas de mortos. Em 1972, um outro acidente com o trem que ia de Cádiz a Sevilha (Andaluzia, sul) causou a morte de 77 pessoas.