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Estado de Minas

Espanha chora 80 mortos em tragédia ferroviária


postado em 25/07/2013 21:49

A Espanha estava em choque nesta quinta-feira, um dia após o descarrilamento de um trem que deixou 80 mortos e 178 feridos - muitos em estado grave - na região de Santiago de Compostela, em uma das maiores tragédias da história ferroviária do país, aparentemente causada por excesso de velocidade.

"Quero transmitir em meu nome e do governo da Espanha meu pesar a todas as famílias das pessoas que morreram, e que infelizmente são muitas", afirmou o chefe do executivo, Mariano Rajoy, visivelmente abalado, ao decretar 3 dias de luto nacional.

O rei Juan Carlos, que visitou o hospital onde estão os feridos, disse que "todos os espanhóis se unem na dor às famílias das vítimas". "Esperamos que todos os feridos se recuperem logo".

No total, 178 feridos "foram socorridos pelos serviços de emergência e 95 continuam internados, entre eles 32 na unidade de tratamento intensivo e quatro na unidade pediátrica de tratamento intensivo", declarou a ministra regional de Saúde, Rocío Mosquera.

Entre um dos hospitalizados está um dos maquinistas do trem, sob custódia policial, que deverá ser convocado para prestar depoimento.

O descarrilamento do trem, que transportava 222 passageiros e ligava Madri à cidade de El Ferrol, na Galícia, ocorreu em uma curva na linha de alta velocidade, onde o limite era de 80 km/h, mas segundo testemunhas, a composição estava a mais de 180 km/h.

O presidente da companhia ferroviária Renfe afirmou nesta quinta-feira que o trem envolvido no acidente não tinha qualquer problema operacional.

"Estes trens passam por uma revisão a cada 7.500 km, e outra revisão a cada 50.000", afirmou Julio Gómez-Pomar Rodríguez.

O jornal El País, que cita fontes das investigação, afirma que o trem estava a 180 km/h, muito acima do limite máximo de 80 km/h para o trecho.

Outro jornal espanhol, El Mundo, revelou que o trem viajava a 220 km/h no trecho limitado a 80 km/h.

"Estou a 190! Espero que não haja mortos porque vão pesar em minha consciência", teria dito o maquinista por rádio à estação no momento do acidente, segundo o El País.

O delegado do Governo da Galícia Samuel Juárez descartou a hipótese de atentado. "Foi um acidente. Não temos elemento algum que nos permita falar de outra cosa".

O acidente ocorreu no trecho da linha de alta velocidade, em uma curva a 4 km da estação de Santiago de Compostela, localidade de peregrinação conhecida em todo o mundo.

Um porta-voz da Renfe, a companhia ferroviária espanhola, disse que "é preciso esperar" para saber as causas do acidente, mas a "velocidade será conhecida em muito breve com a consulta das caixas pretas".

Rajoy deve viajar na manhã desta quinta-feira para Santiago de Compostela.

No Rio de Janeiro, onde participa das celebrações da Jornada Mundial da Juventude, o papa Francisco pediu que todos rezem pelas vítimas e suas famílias.

O presidente Barack Obama afirmou que se sente "comovido e entristecido" pelo acidente de trem ocorrido.

"Michelle e eu ficamos comovidos e entristecidos ao ficar sabendo ontem da trágica notícia do descarrilamento de um trem em Santiago de Compostela, Espanha", afirmou Obama em um comunicado.

As imagens do local mostram vários vagões virados, sendo pelo menos um totalmente destruído.

Uma testemunha que estava no trem afirmou à rádio Cadena Ser que "parece que em uma curva o trem começou a descarrilar e os vagões ficaram uns sobre os outros."

O acidente aconteceu no dia do Apóstolo Santiago, época de grande celebração na região da Galícia.

Santiago de Compostela, capital da região e centro dos festejos, cancelou os eventos que deveriam ser realizados na noite de quarta-feira em homenagem a seu santo padroeiro. A tradicional missa do dia de Santiago foi mantida "com um estrito protocolo de luto".

Este é um dos piores acidentes ferroviários da Espanha. Na década de 40, um trem que também viajava de Madri para a Galícia se chocou com uma locomotiva, deixando centenas de mortos. Em 1972, um outro acidente com o trem que ia de Cádiz a Sevilha (Andaluzia, sul) causou a morte de 77 pessoas.


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