As informações do equipamento indicam que o trem estava a 200 km/h na reta que antecede o trecho do acidente, mas não reduziu a velocidade a tempo. Técnicos consultados pela imprensa espanhola acreditam que o excesso de velocidade tenha sido a principal causa do descarrilamento, mas sustentam que um só fator não poderia ter provocado um desastre de tais proporções.
A gerente da ANP Trilhos ressalta, porém, que, apesar de um comunicado da Renfa indicar que o descarrilamento ocorreu em uma via de alta velocidade, o trem percorria um trecho regional de média velocidade no momento do acidente. De acordo com o jornal El País, esse está equipado com um dispositivo de segurança chamado Asfa, que só permite frenagem automática caso o trem viaje acima de 200 km/h, deixando a cargo do condutor controlar a composição até esse limite. Juan Jesús García Fraile, secretário do Sindicato de Maquinistas Ferroviários (Semaf) da Espanha, disse à publicação que a tragédia "poderia ter sido evitada" caso o sistema de segurança fosse o ERTMS, mais avançado, que freia o trem automaticamente em áreas de velocidade limitada. Representantes da Renfa afirmaram que a composição acidentada não apresentava problemas técnicos e, na própria manhã que antecedeu o descarrilamento, tinha passado por uma inspeção, feita a cada 7.500km percorridos.
VÍTIMAS A busca por vítimas nas ferragens foi encerrada ainda na manhã de ontem e os vagões foram removidos para perícia. Até então, a Administração de Serviços Ferroviários (Adif) não sabia quando o fluxo de trens seria restabelecido. De acordo com La Voz de Galicia, quase 3 mil usuários foram afetados pelo acidente em menos de 24 horas. A composição, que seguia de Madri para Ferrol, transportava 222 pessoas, incluindo quatro eram tripulantes. O jornal El País contabilizou 178 feridos, e serviços de atendimento psicológico e de informação foram oferecidos aos afetados. Na noite de ontem, 95 pessoas permaneciam hospitalizadas, 33 delas em estado grave. De acordo com o Consulado Geral do Brasil em Madri, não há relato de brasileiros entre os mortos e feridos.
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, que é natural de Santiago de Compostela, esteve na cidade e transmitiu seu pesar à população. "Hoje é um dia muito difícil. Quero transmitir, em meu nome e do governo da Espanha, meu pesar a todas as famílias das pessoas que morreram, e que infelizmente são muitas", declarou, ao lado do presidente da região da Galícia, Alberto Núñez Feijóo, que anunciou sete dias de luto na comunidade. O rei Juan Carlos e a rainha Sofía também expressaram solidariedade e visitaram feridos em um hospital.
Em nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, o Brasil lamentou o acidente e se disse solidário com o povo e o governo da Espanha. "O governo brasileiro transmite sua solidariedade e suas condolências aos familiares das vítimas, bem como ao povo e ao governo da Espanha", diz o texto. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que se sente "comovido e entristecido" pela notícia do descarrilamento.