Dois manifestantes morreram e 33 ficaram feridas em uma série de protestos realizados nesta sexta-feira a favor e contra o presidente deposto Mohammed Morsi, informaram funcionários do Ministério da Saúde do Egito.
Gigantescas manifestações ocorreram hoje em diversas partes do país, ganhando corpo depois de a Justiça ter indiciado Morsi e de o chefe do Exército, general Abdul Fatah al-Sisi, ter pedido aos partidários do golpe “um mandato” para pôr fim ao “terrorismo e à violência" no país.
As mortes ocorreram em Alexandria, onde partidários da Irmandade Muçulmana, grupo político de Morsi, e do golpe, se enfrentaram perto da maior mesquita da cidade. A polícia dispersou o protesto com bombas de gás lacrimogêneo.
Segundo o porta-voz do Ministério da Saúde, Khaled al-Khatib, dos 33 feridos, dez se machucaram em brigas no bairro de Shubra, no norte do Cairo e oito em Damieta. Houve choques também no bairro de Ramsés. Os dois grupos rivais trocaram acusações sobre o uso de armas de fogo nos confrontos em Alexandria.
Milhares de pessoas protestaram em várias cidades egípcias, saudando a promessa das Forças Armadas de enfrentar semanas de violência provocadas pela derrubada de Morsi, em 3 de julho.
Partidários do presidente deposto fizeram manifestações contrárias para exigir sua restauração como presidente, ignorando a ameaça de uma repressão iminente e prometendo não ceder a uma exigência do exército para dar fim imediato a seus protestos.
Mais cedo, a promotoria do Egito abriu uma investigação sobre o ex-presidente Mohammed Morsi por assassinato e conspiração com o grupo palestino Hamas, elevando ainda mais as tensões no país.
O anúncio, que deve abrir caminho para um indiciamento formal, foi a primeira informação a respeito do status jurídico de Morsi desde que ele foi deposto pelos militares, no dia 3 de julho. Há mais de três semanas o líder islamita é mantido pelos militares num local secreto e está incomunicável.
As acusações estão relacionadas a uma fuga da prisão durante o levante de 2011 contra o então presidente Hosni Mubarak, quando homens armados atacaram uma prisão a noroeste do Cairo, libertando prisioneiros, dentre eles Morsi e cerca de outras 30 pessoas da Irmandade Muçulmana. A promotoria afirma que Morsi e a Irmandade trabalharam com o Hamas para realizar a ação, durante a qual 14 guardas foram mortos.
A Irmandade nega as acusações e afirma que elas têm motivação política. Nesta sexta-feira, um porta-voz do grupo islamita disse que a ação para julgar Morsi mostra "a total falência dos líderes do golpe sangrento".
Os egípcios "rejeitam a volta da polícia ditatorial do Estado e de toda a repressão, tirania e roubo que isso implica", declarou Ahmed Aref em comunicado. Fonte: Associated Press.