O número de mortos pelo descarrilamento de um trem em Santiago de Compostela aumentou neste domingo para 79 pessoas, enquanto o maquinista, acusado de "homicídio por imprudência", deve depor nesta tarde perante o juiz.
"A assessoria de Saúde da Galícia informa sobre o falecimento de uma das pessoas internadas", informou em um comunicado, o que eleva o balanço de vítimas fatais a 79. Além disso, o governo regional informou que "há 70 pacientes internados nos hospitais, 22 deles em estado crítico (20 adultos e duas crianças)".
Levemente ferido no acidente de quarta-feira, Francisco José Garzón Amo, de 52 anos, recebeu alta na manhã de sábado do hospital e deve ser levado na tarde deste domingo às dependências judiciais para depor perante o juiz, informou uma porta-voz do Tribunal Superior de Justiça da Galícia.
Garzón foi detido formalmente na noite de quinta-feira e neste domingo termina o prazo máximo de 72 horas de prisão preventiva antes de passar à disposição judicial. Com duas investigações abertas, uma judicial e outra administrativa, as atenções se voltam neste momento ao maquinista, com longa experiência profissional, acusado de "homicídio por imprudência" por não frear a tempo em uma curva na qual a velocidade máxima permitida era 80 km/h.
Uma vez identificados os cadáveres das pessoas falecidas no pior acidente ferroviário da Espanha desde 1944, Santiago de Compostela tenta curar suas feridas antes do funeral solene para as vítimas previsto para segunda-feira na catedral ao qual comparecerão o príncipe herdeiro Felipe, sua esposa Letizia e a infanta Elena.
O acidente ocorreu na quarta-feira às 20h42 (15h42 de Brasília), quando o trem procedente de Madri, um modelo híbrido que pode circular por vias convencionais e de alta velocidade, fazia uma curva fechada a 4 km da estação de Santiago. Neste trecho, a via não está equipada com um sistema de freio automático caso o trem exceda a velocidade máxima.
Segundo o roteiro do trem, que teve um trecho reproduzido pelo jornal El Mundo neste domingo, o trem, que sai de um local onde pode circular a 220 km/h, precisa reduzir sua velocidade a 80 km/h ao chegar à delicada curva, chamada de A Grandeira.
Mas, segundo o jornal, "o surpreendente é que este itinerário deixa nas mãos do condutor o momento e a maneira de começar a desacelerar antes de chegar à estação. Ou seja, Garzón precisava decidir quando frear para entrar na curva A Grandeira a 80 km/h. Nada dizia a ele como nem onde fazê-lo".