Jornal Estado de Minas

Maquinista do trem de Santiago identifica com quem falava ao telefone

AFP

A pessoa com quem o maquinista do trem descarrilado em Santiago de Compostela falava por telefone na hora do acidente de 24 de julho - que deixou 79 mortos - era o controlador da composição, informou o Tribunal Superior de Justiça da Galícia nesta quarta-feira.


A justiça destacou que o condutor, Francisco José Garzón Amo, apresentou-se voluntariamente neta quarta-feira ante o juiz para completar o depoimento dado no domingo.


O controlador em questão, Antonio Martín Marugán, também admitiu nesta quarta, em declarações ao jornal El País, que ligou para o maquinista para dar indicações se aproximação da estação.


Mas, em seu depoimento ante a polícia, Marugán havia ocultado esta ligação, segundo ele, "para proteger o maquinista, já que, salvo em casos muito excepcionais, está proibido de falar pelo telefone da companhia durante a viagem", segundo o jornal.


Os dois tinham uma estreita relação de amizade, afirma ainda a fonte.


O trem que descarrilou estava a 153 km/h no momento da tragédia em um trecho limitado à metade, revelaram na terça-feira as caixas pretas.


No dia 24, a composição, com mais de 200 pessoas a bordo, descarrilou a 4 km de sua chegada à estação de Santiago, em um trecho em que a linha, de alta velocidade, passava a uma via convencional, com uma velocidade limitada a 80 km/h ao aproximar-se da cidade.


"No momento em que saiu dos trilhos, o trem circulava a 153 km/h", em uma zona em que o limite é de 80 km/h, informou o Tribunal Superior de Justiça da Galícia, depois de analisar as caixas pretas.


Segundo os dados extraídos das caixas pretas, o maquinista, um experiente profissional de 52 anos, foi indiciado por homicídio por imprudência porque falava ao telefone no momento do acidente.


Os dados extraídos das caixas pretas onfirmaram a distração do maquinista


"Pelo áudio armazenado nas caixas pretas foi possível saber que o maquinista estava falando ao telefone com o pessoal da Renfe (companhia ferroviária espanhola, nr), aparentemente com um controlador, no momento do acidente", explicou o tribunal.


O acidente aconteceu numa linha de alta velocidade também utilizada por trens convencionais, mas que não está equipada com um sistema de freagem automática em caso de excesso de velocidade.


Onde aconteceu a tragédia, o trem deixa uma longa reta de mais de 80 km a uma velocidade máxima de 220 km/h para entrar nesta curva perigosa, com velocidade limitada a 80 km/h.