Jornal Estado de Minas

Primeiro casamento gay é realizado no Uruguai

União entre dois homossexuais aconteceu em um hospital da capital, já que um dos noivos se encontra gravemente doente. País legalizou união entre pessoas do mesmo sexo em abril

AFP

Um matrimônio realizado "in extremis" se transformou no primeiro casamento entre dois homossexuais no Uruguai, país que em abril legalizou a união entre pessoas de mesmo sexo e onde nesta segunda-feira começaram a ser aceitos os pedidos de certidão no Registro Civil.

O casamento aconteceu em um hospital da capital, já que um dos noivos se encontra gravemente doente, informou o diretor do Registro Civil, Adolfo Orellano.

"Foi muito emotivo", relatou ao site do jornal El Observador Luisa Salaberry, que oficializou a cerimônia, acompanhada por testemunhas, parentes e amigos.

O casamento "in extremis" é realizado quando as condições de saúde de um dos noivos não permitem que se realize o trâmite normal, que requer uma espera de cerca de dez dias úteis entre a celebração e o registro oficial. O trâmite fica assim condicionado à validação judicial posterior, explicou Salaberry.

O casamento foi realizado no primeiro dia em que o Registro Civil habilitou a entrada no pedido de certidão de casamento para casais de mesmo sexo. "Neste caso, como hoje começa a reger a lei de casamento igualitário, este matrimônio não poderia ter sido celebrado nos dias anteriores, apesar de uma das pessoas estar muito doente", acrescentou Salaberry.

Pela manhã, o Registro Civil uruguaio também recebeu pela primeira vez na história um pedido de certidão de casamento por parte de um casal homossexual. Rodrigo Borda e Sergio Miranda - que estão juntos há 14 anos - cumpriram o trâmite de registro às 7H32, no primeiro passo para o "sim".

"É surpreendente e divertido ver a quantidade de apoio da mídia. Sabíamos que não seria privado porque decidimos fazer de modo público para ajudar com a visibilidade", disse Borda. Com um grande sorriso, acompanhados de alguns familiares e amigos, Borda e Miranda - de 39 e 45 anos, respectivamente, ambos profissionais de comunicação - anunciaram que a partir de 16 de agosto poderão marcar a data do casamento.

"Estamos celebrando e compartilhando porque esta lei marca que todos têm direitos, não há cidadãos de primeira e segunda, isto é o que estamos celebrando hoje. É uma mensagem muito importante que o Uruguai está emitindo ao mundo", comentou Miranda.

O Senado uruguaio aprovou em abril a legalização do casamento homossexual por ampla maioria e com o respaldo de legisladores de todos os partidos políticos.

A lei, criticada pela Igreja Católica e grupos de defesa da família, afirma que "o matrimônio civil é a união permanente, conforme a lei, de duas pessoas de distinto ou igual sexo".