Pelo menos 76 senadores americanos pediram ao presidente Barack Obama que imponha mais sanções ao Irã, defendendo que Washington priorize a alternativa militar, apesar da predisposição do novo presidente iraniano, Hassan Rohani, ao diálogo.
"Senhor presidente, nós lhe pedimos que devolva um senso de urgência a este processo", indica uma carta publicada nesta segunda-feira pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o democrata Robert Menendez, e pelo também senador republicano Lindsey Graham.
"Precisamos entender rapidamente se Teerã está finalmente pronto para negociar de forma séria" sobre seu programa nuclear, indica o documento de autoria da dupla de senadores. O texto é assinado por outros 74 congressistas e foi enviado para a Casa Branca na sexta-feira, dois dias antes da posse de Rohani.
Conhecido como moderado, Rohani serviu como negociador nuclear, e o Ocidente espera que busque uma aproximação construtiva nas negociações de longo prazo em torno do polêmico programa nuclear iraniano. Apesar dos desmentidos, os países ocidentais estão convencidos de que o Irã está tentando fabricar uma bomba nuclear.
"No passado, o Irã recorreu à negociação para ganhar tempo e, em todas as instâncias, (o líder supremo Aiatolá Ali) Khamenei é quem realmente toma as decisões sobre o programa nuclear iraniano", escreveram os senadores a Obama.
"O Irã precisa entender que o tempo da diplomacia está chegando ao fim. Nós lhe imploramos que exija ações sérias e imediatas do Irã", concluem os políticos na carta.
No domingo, a Casa Branca declarou que o Irã terá nos Estados Unidos um "aliado disposto", caso Rohani também esteja aberto a um diálogo sério sobre assuntos nucleares.
Na semana passada, pouco antes de o Congresso iniciar seu recesso de verão (hemisfério norte), a Câmara de Representantes aprovou novas sanções, visando a reduzir dramaticamente as exportações de petróleo do Irã. Uma fonte do Senado disse à AFP que, depois do recesso, o Comitê Bancário do Senado planeja introduzir novas leis sobre sanções futuras contra a república islâmica.
"Nosso país deve endurecer as sanções e reforçar a credibilidade da nossa possibilidade de recorrer à força armada", insistem no texto, acrescentando: "Devemos estar preparados para agir, e o Irã deve ver que estamos preparados".
Rohani herdou um país turbulento que enfrenta dificuldades econômicas, em grande parte, fruto das sanções já infligidas em represália por seu programa nuclear.
No domingo, o novo presidente iraniano enviou uma mensagem bem clara aos Estados Unidos: "Se quiserem uma resposta apropriada, não utilizem a linguagem das sanções, mas a do respeito".