O presidente uruguaio, José Mujica, disse nesta terça-feira à AFP que o Mercosul deve apoiar o processo de paz na Colômbia, estimando que o bloco "não pode ficar neutro" diante desta "causa comum".
"Minha ideia é que o Mercosul inteiro apoie", disse Mujica. "Não posso garantir porque não apresentei isto aos presidentes do Mercosul, mas minha intenção é fazer o Mercosul se manifestar a favor de ajudar o processo de paz da Colômbia oferecendo todo o possível".
Mujica, um ex-guerrilheiro de 78 anos, revelou que "se necessário", vai propor isto nas Nações Unidas, "mas previamente vou falar com o presidente de Colômbia (Juan Manuel Santos)". "Em algum momento, vou passar lá e conversar com ele".
O líder uruguaio revelou à AFP que se reuniu com delegados da guerrilha colombiana das Farc que participam das negociações de paz com o governo, durante sua recente visita a Havana.
"Estive com algumas pessoas que estão negociando", revelou Mujica sobre o processo de paz iniciado em novembro de 2012 com uma agenda de cinco puntos: desenvolvimento rural, participação política, drogas ilícitas, abandono das armas e indenização das vítimas.
"Acredito que a luta pela paz da Colômbia seja a coisa mais importante que está ocorrendo na América Latina hoje, e que nenhum latino-americano que gosta deste continente pode ignorar isto. É preciso apoiar onde for possível".
"É difícil para uma sociedade que está há 50 anos em guerra desmontar isto. Sem se entrometer onde não é para se entrometer, é preciso manifestar a todos os atores nossa vontade de ajudar no que é possível".
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a guerrilha mais antiga da América Latina, combate há 49 anos, e hoje conta com 8 mil homens.