O governo britânico defendeu nesta sexta-feira na justiça a detenção do brasileiro David Miranda, namorado de um jornalista do jornal The Guardian, porque o material apreendido poderia afetar a segurança nacional.
Um dos arquivos requisitados a Miranda --companheiro do jornalista Glenn Greenwald, que atuou com Edward Snowden na revelação de segredos dos serviços de segurança de vários países-- continha 58.000 "documentos de inteligência altamente confidenciais", explicou Oliver Robbins na Alta Corte britânica, uma das principais instituições judiciais do país.
Robbins é vice-conselheiro nacional de Segurança para Assuntos de Inteligência e sua declaração foi entregue por escrito ao tribunal.
O jornal The Guardian rejeitou os argumentos de Robbins. Seu diretor, Alan Rusbridger, o acusou de ter feito afirmações "sem fundamento e inexatas".
Em um comunicado, Rusbridger afirmou que, se o material era tão importante, não se pode entender como o governo passou semanas sem tentar obtê-lo.
O diretor explicou que, quando os agentes britânicos foram ao jornal destruir as cópias do material fornecido por Snowden, o Guardian os informou que o New York Times e o ProPublica também tinham material de inteligência britânico.
"Depois da destruição das cópias do Guardian no sábado, 20 de julho, o governo fez muito pouco, até a oportunista detenção de David Miranda com o amparo de leis elaboradas para terroristas, e não jornalistas", afirmou Rusbridger.
Miranda, de 28 anos, levou o caso de sua detenção à Alta Corte, argumentando que o processo estava baseado na aplicação incorreta das leis antiterroristas e que seus direitos humanos tinham sido violados.