Depois da divisão nas posições das nações sobre uma intervenção militar na Síria que marcou a cúpula do G-20 na Rússia, duas declarações feitas ontem podem ajudar a pavimentar o caminho para um ataque ao país árabe defendido pelo presidente americano, Barack Obama. A União Europeia (UE), ainda reticente quanto a uma intervenção, disse apoiar uma “resposta forte”. Ao mesmo tempo, o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) pediu à comunidade internacional uma ação imediata na Síria. Obama, por sua vez, fez um novo apelo por apoio ao ataque.
Segundo a chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, ministros das Relações Exteriores pediram uma “resposta clara e forte” aos ataques químicos de 21 de agosto, que os Estados Unidos dizem ter resultado em mais de 1,4 mil mortes. O Observatório Sírio pelos Direitos Humanos, grupo de oposição ao regime sediado em Londres, disse ter sido capaz de confirmar 502 mortes até o momento. Ashton destacou que houve um entendimento entre os ministros de que existem "fortes indícios" de que o regime de Bashar al-Assad foi o responsável pelo uso de armas químicas nesse episódio. Ela deu as declarações após uma reunião dos ministros com o secretário de Estado americano, John Kerry, em Vilna, Lituânia. As autoridades europeias ressaltaram que aguardarão o relatório dos inspetores das Nações Unidas sobre os ataques químicos antes de tomar uma decisão sobre uma campanha militar. Kerry, porém, disse que o presidente ainda não decidiu se aguardará o trabalho da ONU.
O secretário, que visitou também a França ontem, segue em viagem pela Europa em busca de apoio aos planos de Obama. Ontem, em seu programa semanal de rádio, o líder americano voltou a fazer um apelo ao Congresso para que apoie o uso de força militar na Síria, mas afirmou que não deseja entrar em outra guerra cara e prolongada. “Não se pode continuar com os olhos vendados ante as imagens que temos visto na Síria”, disse. O Congresso deve votar a questão nas próximas duas semanas.
Sem mencionar diretamente os EUA, o CCG pediu, em um comunicado, uma intervenção internacional para “libertar” o povo da Síria da "tirania" de seu governo. As monarquias do golfo, lideradas por dinastias sunitas, têm defendido a transição política na Síria, aliada e protegida pelo Irã, uma nação xiita.