O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, respondeu asperamente nesta quinta-feira à coluna publicada pelo presidente russo, Vladimir Putin, no New York Times ao ser perguntado se os Estados Unidos são um país "excepcional".
"Ao contrário da Rússia, os Estados Unidos defendem os valores democráticos e os direitos humanos em nosso país e no mundo, e acreditamos que nossa segurança (...) melhora quando um ditador não pode sufocar crianças com gás até a morte", disse.
O New York Times publicou nesta quinta-feira um artigo de Putin no qual afirma que foram os rebeldes sírios, e não o governo de Bashar al-Assad, que utilizaram armas químicas contra civis.
Putin fechou sua crônica dando um cutucão no orgulho nacional americano, ao afirmar que "é muito perigoso estimular as pessoas a se considerarem excepcionais", em uma referência ao discurso do presidente Obama na terça-feira passada, no qual afirmou que agir contra a Síria "é o que torna diferente os Estados Unidos" e "excepcionais" os americanos.
O porta-voz da Casa Branca considerou uma grande "ironia" a publicação da coluna de Putin em um veículo da imprensa americana, já que a tradição de liberdade de imprensa "não é uma tradição compartilhada na Rússia, onde é fato que a liberdade de imprensa se degradou há mais de dez anos".
O New York Times justificou nesta quinta-feira a publicação de uma coluna "cativante" do presidente russo, Vladimir Putin, na qual pressiona os Estados Unidos a favor de uma negociação sobre o desmantelamento do arsenal químico sírio.
A redação do diário foi contatada na quarta por uma empresa de relações públicas americana que representa Putin e que propôs um texto em inglês assinado pelo presidente russo, conta em seu blog Margaret Sullivan, mediadora do NYT, citando um de seus colegas das páginas de opinião do jornal, Andrew Rosenthal.
Rosenthal decidiu rapidamente publicar a coluna na quarta à noite porque a considerou "bem escrita e bem argumentada", mesmo sem concordar "com muitos dos argumentos" expostos no texto, segundo Sullivan.
"A Síria é uma história importante na qual Putin é um personagem central", justificou Rosenthal, rejeitando as críticas de um leitor "horrorizado" com o fato de que o "New York Times possa apoiar um inimigo de longa data dos Estados Unidos".
A coluna do chefe de Estado russo foi publicada nas páginas "editoriais e opiniões" do jornal, que esclareceu que não pagou pelo artigo.