Jornal Estado de Minas

Forças israelenses entram em shopping de Nairóbi atacado por islamitas

AFP

Forças especiais de segurança israelenses entraram neste domingo em um shopping de Nairóbi para tentar acabar com o cerco de um grupo islamita, que já deixou desde sábado ao menos 59 mortos e permanece com um número indeterminado de reféns.

"Os israelenses acabam de entrar e estão socorrendo os reféns e os feridos", declarou uma fonte de segurança à AFP, que pediu o anonimato. Ela acrescentou que as forças especiais chegaram a Nairóbi pela manhã.

O centro comercial de luxo Westgate Mall é parcialmente propriedade de israelenses.

Interrogado pela AFP, o porta-voz do ministério israelense das Relações Exteriores, Paul Hirschson, não fez comentários. "Não temos o costume de comentar uma operação conjunta de segurança que pode ou não estar em andamento", disse.

Um comando islamita integrado por cerca de 10 homens encapuzados invadiu ao meio-dia de sábado o Westgate Mall disparando com armas automáticas e lançando granadas contra clientes e funcionários deste luxuoso shopping.

Apoiados por membros dos serviços de segurança à paisana de embaixadas ocidentais, policiais e militares quenianos tentam identificar os agressores em um labirinto de lojas de todo tipo, onde é fácil se esconder.

Mais de 24 horas após o início do ataque, os confrontos prosseguiam neste domingo.

As forças de segurança do Quênia, por sua vez, mantinham o cerco ao centro comercial.

No inicio da manhã foi ouvido um intenso tiroteio procedente do interior do shopping, cercado pelas forças de segurança, que receberam importantes reforços e proibiram o acesso dos jornalistas.

"Até agora há 59 mortos", entre eles duas mulheres francesas e dois canadenses, segundo um último balanço fornecido pelo ministro do Interior, Joseph Ole Lenku.

O ministro também informou sobre 175 feridos, entre eles cidadãos americanos, britânicos e muitos ocidentais.

"Um certo número de agressores permanece no local, entre 10 e 15", disse Ole Lenky.

O poeta e político ganês Kofi Awoonor também está entre as vítimas fatais do ataque, anunciou neste domingo o presidente de Gana, John Dramani Mahama, em um comunicado.

Os shebab reivindicam o massacre

Na noite de sábado, os shebab somalis, vinculados à Al-Qaeda, reivindicaram através do Twitter o massacre e afirmaram que a operação é uma represália contra a intervenção das tropas quenianas na Somália, ressaltando que já "preveniram o Quênia em diversas ocasiões".

"A mensagem que enviamos ao governo e à população quenianos é e será sempre a mesma: retirem todas as suas forças de nosso país", acrescentou a mensagem dos islamitas somalis.

As Forças Armadas quenianas penetraram na Somália em 2011 e desde então mantêm sua presença no sul do país no âmbito de uma força africana multinacional que apoia o governo somali em sua luta contra os shebab.

Um grande número de soldados com capacetes e coletes à prova de balas, alguns com lança-granadas, estavam nos arredores do shopping.

"O número de reféns continua sendo desconhecido, mas estão em vários lugares. Os andares superiores (do centro comercial) foram assegurados. Não foi possível estabelecer nenhuma comunicação (com os islamitas)", declarou o Centro Nacional de Operações em uma mensagem publicada neste domingo no Twitter.

Clientes e funcionários do shopping, traumatizados e presos por longas horas no estabelecimento, seguiram saindo na noite de sábado em pequenos grupos à medida que avançava a lenta e prudente operação das forças de segurança.

Os feridos e os corpos das vítimas foram transferidos pelos serviços de emergência.

Este centro comercial, aberto em 2007 e com uma participação de capital israelense, tem restaurantes, cafés, bancos, várias salas de cinema e um grande supermercado, onde no sábado muitas famílias faziam compras.

As empresas de segurança mencionavam regularmente o Westgate Mall, que atrai milhares de pessoas, como possível alvo de grupos relacionados à Al-Qaeda.

"O Quênia não se deixará intimidar pelo terrorismo", reagiu na noite de sábado o presidente do país, Uhuru Kenyatta.