Jornal Estado de Minas

Número de mortos no Quênia sobe para 68, segundo a Cruz Vermelha

Nova explosão é ouvida em shopping no Quênia; forças de segurança tentam liberar reféns

O novo balanço do ataque a um shopping center de Nairóbi pelas mãos de um grupo de milicianos islamitas é de 68 mortos, anunciou este domingo a Cruz Vermelha queniana. Uma forte explosão foi ouvida no shopping center de Nairóbi, capital do Quênia, onde extremistas islâmicos mantêm um número desconhecido de reféns neste domingo.  Jornalistas da Associated Press afirmaram que a explosão foi a maior das últimas 30 horas, desde que o atentado começou.
Estima-se que entre 10 a 15 militantes islâmicos estejam no shopping, segundo o ministro do Interior queniano, Joseph Lenku. O exército queniano entrou no shopping de quatro andares e desde então têm havido esporádicas trocas de tiros. Pela manhã, helicópteros militares também sobrevoaram o local.

Número de reféns no centro comercial de luxo ainda é desconhecido - Foto: AFP PHOTO JAMES QUEST

"A prioridade é salvar o máximo de vidas possível", afirmou o ministro do Interior numa tentativa de tranquilizar as famílias. Segundo ele, as forças de segurança já resgataram aproximadamente mil pessoas. Lenku explicou que os policiais estão controlando seus movimentos através das câmeras de segurança do centro comercial, que é muito frequentado por estrangeiros e quenianos de alto poder aquisitivo.

Em comunicado, a Cruz Vermelha do Quênia disse que 49 pessoas foram dadas como desaparecidas. As autoridades não confirmam, mas este poderia ser o número de cidadãos mantidos como reféns.

O grupo militante da Somália al-Shabab assumiu a autoria pelo atentado. No fim de 2011 o grupo al-Shabab prometeu realizar um grande ataque em Nairóbi, em retaliação ao fato do Quênia ter enviado tropas para ajudar o governo da Somália a combater os insurgentes. O shopping Westgate é de propriedade de israelenses e já havia sido identificado como um potencial alvo de ataques terroristas.

Forças quenianas combatem para liberar shopping
Forças quenianas apoiadas por forças especiais israelenses travavam neste domingo intensos combates para liberar o centro comercial.Os criminosos - um comando do grupo somali 'shebab', vinculado à Al-Qaeda - continuam entrincheirados no luxuoso shopping de Westgate e têm em seu poder um número indeterminado de pessoas.

O Centro de Operações para Desastres Nacionais do Quênia informou em uma mensagem no Twitter que há "intensos combates em curso" e desejou "boa sorte aos nossos homens que estão no edifício Westgate".

Forças especiais israelenses chegaram neste domingo para apoiar as forças quenianas, indicou à AFP uma fonte que pediu o anonimato. O porta-voz do ministério israelense das Relações Exteriores, Paul Hirschson, não quis fazer comentários. "Não temos o costume de comentar uma operação conjunta de segurança que pode ou não estar em andamento", disse.

Na tarde deste domingo eram ouvidos tiros esporádicos, 30 horas depois do início do ataque ao centro comercial pelas mãos de um grupo de 10 homens encapuzados, que entraram disparando com armas automáticas e lançando granadas contra clientes e funcionários.

O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, declarou neste domingo que seu sobrinho e a noiva dele estavam entre as 59 vítimas fatais do ataque. "Não poderão escapar das consequências de seus atos desprezíveis e brutais", disse Kenyata em um emotivo discurso à nação. "Castigaremos os autores intelectuais" deste ataque", garantiu.

O médico peruano Juan Jesús Ortiz, ex-vice-diretor do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Quênia, figura entre os falecidos, informou neste domingo a chancelaria peruana. Ortiz, de 63 anos, estava no shopping com a filha, que ficou ferida e recebeu atendimento médico, disse a fonte. Ortiz trabalhava como consultor internacional da Unicef e do Banco Mundial em saúde pública em Nairóbi, onde vivia há anos.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, afirmou que o ataque foi um ato completamente reprovável. "Este ato premeditado, que ataca civis indefesos, é totalmente reprovável. Os autores devem ser conduzidos à justiça o quanto antes", lamentou. Na manhã deste domingo foi ouvido um intenso tiroteio procedente do interior do shopping, cercado pelas forças de segurança, que receberam importantes reforços e proibiram o acesso dos jornalistas.

"Um número não conhecido de agressores continua no local, entre 10 e 15", havia declarado o ministro do Interior, Ole Lenku. "Até agora, há 59 mortos", disse o ministro, que também informou sobre 175 feridos, entre eles muitos cidadãos ocidentais. No entanto, fontes policiais declararam temer que o número de mortos neste ataque seja muito maior.

"Tememos que o número de mortos seja muito maior que o que temos, a julgar pelos corpos que vimos dentro" do centro comercial, disse uma autoridade policial depois das informações recebidas sobre a presença de diversos corpos dentro do prédio. "Há mais mortos no interior e alguns criminosos seguem armados, lançam granadas e disparam contra a polícia", disse esta fonte policial.

"O balanço pode ser muito, muito maior", ressaltou. Duas francesas, três britânicos, uma holandesa, um sul-africano, uma sul-coreana e dois indianos, além do famoso poeta ganês Kofi Awoonor, estão entre os mortos.

Muitos soldados com capacetes e coletes à prova de balas, alguns com lança-granadas, estão mobilizados nos arredores do centro comercial. Clientes e funcionários do shopping, traumatizados e presos por longas horas no estabelecimento, seguiram saindo na noite de sábado em pequenos grupos à medida que avançava a lenta e prudente operação das forças de segurança.

Os feridos e os corpos das vítimas já recolhidos foram transferidos pelos serviços de emergência. Este centro comercial, aberto em 2007 e com uma participação de capital israelense, tem restaurantes, cafés, bancos, várias salas de cinema e um grande supermercado, onde no sábado muitas famílias faziam compras.

As empresas de segurança mencionavam regularmente o Westgate Mall, que atrai milhares de pessoas, como possível alvo de grupos relacionados à Al-Qaeda.

Os 'shebab' reivindicam o massacre

Na noite de sábado, o grupo somali shebab, vinculado à Al-Qaeda, reivindicou através do Twitter o massacre e afirmaram que a operação é uma represália contra a intervenção das tropas quenianas na Somália, ressaltando que já "preveniram o Quênia em diversas ocasiões". "A mensagem que enviamos ao governo e à população quenianos é e será sempre a mesma: retirem todas as suas forças de nosso país", acrescentou a mensagem dos islamitas somalis.

As Forças Armadas quenianas penetraram na Somália em 2011 e desde então mantêm sua presença no sul do país no âmbito de uma força africana multinacional que apoia o governo somali em sua luta contra os shebab.



Com AFP E Agência Estado