Os republicanos lançaram nesta sexta-feira um contra-ataque furioso no quarto dia da paralisação parcial sofrida pelo governo americano, com declarações do presidente da Câmara, John Boehner, de que "isso não é um maldito jogo".
O presidente Barack Obama, por sua vez, precisou digerir um golpe embaraçoso para a imagem dos Estados Unidos no exterior depois de ter sido forçado a cancelar os planos de viajar para a Ásia para participar de reuniões de cúpula.
Boehner aproveitou a chance de criticar o governo e citou nesta sexta-feira um alto funcionário não identificado, que teria falado com desdém sobre a paralisação que deixou centenas de milhares de funcionários públicos em casa, sem remuneração.
Utilizando duras palavras em uma coletiva de imprensa, Boehner declarou: "Nesta manhã, eu recebi o Wall Street Journal e ele dizia: 'Bem, não importa quanto tempo isto dure, porque estamos vencendo'".
"Isto não é um maldito jogo! Os americanos não querem que seu governo pare, e nem eu", afirmou Boehner, exibindo uma edição do jornal.
A Casa Branca tentou conter os danos da reportagem divulgada no jornal, que certamente dominará as discussões na guerra travada entre Obama e seus adversários republicanos no Capitólio.
"Nós absolutamente repudiamos a ideia de que a Casa Branca não se importa com quando ela (a paralisação) terminará. A Câmara deve agir agora, sem amarras", declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, pelo Twitter.
Obama se recusa a negociar com os republicanos sobre questões orçamentárias até que eles aprovem uma lei temporária que reative o governo e concordem em aumentar o limite do teto da dívida americana, atualmente de 16,7 trilhões de dólares - sem o qual Washington pode dar um calote pela primeira vez no fim deste mês.
Mas os republicanos exigem que o presidente entre em negociações sobre a revogação ou o adiamento da sua reforma do sistema de saúde, chamada de Obamacare. Obama se recusa a aceitar isso.
"Eu estava na Casa Branca certa noite e ouvi o presidente me explicar umas 20 vezes por que ele não ia negociar", afirmou Boehner.
Obama tomou na quinta-feira a decisão de cancelar sua viagem a Bali para a reunião do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), e outra visita ao vizinho Brunei, em algo que foi encarado pelos analistas como um golpe em suas novas estratégias de política externa, que visam conceder mais peso à diplomacia e às ações militares na Ásia.
"O cancelamento dessa viagem é mais uma consequência da decisão da Câmara de Representantes de forçar a paralisação do governo", informou a Casa Branca em um comunicado.
"Esta paralisia, totalmente evitável, retarda nossa capacidade de criar postos de trabalho com a promoção das exportações americanas, assim como a liderança e os interesses dos Estados Unidos na maior região emergente do mundo", destacou.
Obama já havia cancelado viagens para Malásia e Filipinas marcadas para a próxima semana, já que era impossível enviar sua enorme comitiva num momento em que grande parte de sua equipe da Casa Branca foi afetada pelas paralisação forçada.
Esta paralisia aconteceu depois que o Congresso não conseguiu aprovar até o dia 1º de outubro uma lei de orçamento para financiar as operações do governo.
Centenas de milhares de trabalhadores federais foram deixados em casa sem pagamento. Além disso, monumentos como a Estátua da Liberdade foram fechados, assim como parques nacionais.