Jornal Estado de Minas

Comissão do Senado recomenda a cassação de Berlusconi por fraude fiscal

Decisão sobre expulsão de ex-primeiro-ministro italiano sai ainda este mês

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Se cassado, ex-premiê italiano pode perder imunidade parlamentar - Foto: FILIPPO MONTEFORTE / AFP

A Junta para as Eleições e a Imunidade do Senado da Itália recomendou que o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi seja expulso do Parlamento após sua condenação por evasão fiscal, abrindo caminho para uma decisão final que pode selar seu futuro político neste mês. A recomendação de expulsar o homem que dominou a política italiana nas últimas duas décadas foi tomada por um comitê multipartidário de 23 senadores, formado, em sua maioria, por integrantes do Partido Democrático e do Movimento Cinco Estrelas. A medida terá que ser ratificada no final do mês em votação pelo plenário do Senado, onde os partidários de Berlusconi também são minoria, antes do líder perder a sua cadeira.


O ex-chefe de governo não compareceu à audiência, mas apontou o procedimento como uma manobra de seus inimigos políticos. "Não há possibilidade de nenhuma defesa e não há razão para aparecer ante um grupo que já anunciou qual decisão vai tomar por meio da imprensa", disse Berlusconi, em comunicado. “Quando violamos o Estado de direito, atingimos a democracia em seu coração”, reagiu o magnata em seu perfil no Facebook, protestando contra essa “decisão indigna, fruto, não de uma aplicação rigorosa da lei, mas da vontade de eliminar judicialmente um adversário político”. Renato Brunetta, líder do partido de Berlusconi, o Povo da Liberdade, na Câmara, declarou que "os carrascos não devem se iludir, o que está em jogo é o título de senador, não a cabeça do homem e do político Berlusconi, que continua sendo o líder e ponto de referência dos italianos”.
Os procedimentos do Senado coroam uma semana desastrosa para o bilionário de 77 anos, que foi forçado a uma retratação humilhante na quarta-feira por uma revolta partidária que o obrigou a apoiar o premiê de centro-esquerda Enrico Letta no Parlamento. Depois de retirar seus ministros do governo de coalizão no fim de semana e pedir novas eleições, Berlusconi teve que reverter sua decisão de derrubar o governo e, em vez disso, apoiar Letta em um voto de confiança, depois que dissidentes de seu próprio partido ameaçaram desmembrar a centro-direita. A revolta deixou o PDL, de Berlusconi, dividido em dois blocos. O secretário do partido Angelino Alfano, de 42 anos, liderou o grupo de moderados, enquanto o núcleo duro permaneceu leal a Berlusconi, embora uma cisão formal não tenha sido confirmada.

Sem a imunidade parlamentar, Berlusconi corre o risco de ser detido por vários processos nos quais foi acusado de abuso de poder, prostituição de menor e de tentar corromper um senador. Graças à idade, o bilionário não deverá cumprir a condenação na prisão e deverá optar pela prisão domiciliar ou por trabalhos comunitários. Na opinião de cientistas políticos, a decisão de Berlusconi de provocar uma crise no fim de semana passado está intimamente ligada a seus problemas judiciais.