A Junta para as Eleições e a Imunidade do Senado da Itália recomendou que o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi seja expulso do Parlamento após sua condenação por evasão fiscal, abrindo caminho para uma decisão final que pode selar seu futuro político neste mês. A recomendação de expulsar o homem que dominou a política italiana nas últimas duas décadas foi tomada por um comitê multipartidário de 23 senadores, formado, em sua maioria, por integrantes do Partido Democrático e do Movimento Cinco Estrelas. A medida terá que ser ratificada no final do mês em votação pelo plenário do Senado, onde os partidários de Berlusconi também são minoria, antes do líder perder a sua cadeira.
Os procedimentos do Senado coroam uma semana desastrosa para o bilionário de 77 anos, que foi forçado a uma retratação humilhante na quarta-feira por uma revolta partidária que o obrigou a apoiar o premiê de centro-esquerda Enrico Letta no Parlamento. Depois de retirar seus ministros do governo de coalizão no fim de semana e pedir novas eleições, Berlusconi teve que reverter sua decisão de derrubar o governo e, em vez disso, apoiar Letta em um voto de confiança, depois que dissidentes de seu próprio partido ameaçaram desmembrar a centro-direita. A revolta deixou o PDL, de Berlusconi, dividido em dois blocos. O secretário do partido Angelino Alfano, de 42 anos, liderou o grupo de moderados, enquanto o núcleo duro permaneceu leal a Berlusconi, embora uma cisão formal não tenha sido confirmada.
Sem a imunidade parlamentar, Berlusconi corre o risco de ser detido por vários processos nos quais foi acusado de abuso de poder, prostituição de menor e de tentar corromper um senador. Graças à idade, o bilionário não deverá cumprir a condenação na prisão e deverá optar pela prisão domiciliar ou por trabalhos comunitários. Na opinião de cientistas políticos, a decisão de Berlusconi de provocar uma crise no fim de semana passado está intimamente ligada a seus problemas judiciais.