A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que aparece em segundo lugar nas últimas pesquisas sobre intenções de voto, disse neste sábado que se filia ao PSB sem aspirar à candidatura à presidência em 2014.
"O PSB já tem um candidato; por que não apresentar o nosso programa a esse candidato?", afirmou Marina.
"Estou aqui não para pleitear candidatura, mas para apresentar junto contigo [o presidente do PSB, governador Eduardo Campos] um programa para a sociedade brasileira que seja capaz de alinhamento histórico e sepultar de vez a velha república", declarou a ex-ministra.
"Não estou pedindo a Eduardo que desista de ser candidato. Ele é o candidato, e a minha presença aqui quer uma discussão programática. Nosso objetivo não é estar no poder, é de que o poder seja uma ferramenta para ajudar as transformações", insistiu Marina.
Revelação na eleição presidencial de 2010, na qual obteve quase 20 milhões de votos pelo PV, Marina anunciou seu apoio a Campos no momento em que aparece em segundo nas pesquisas, com 22 pontos atrás da presidente e provável candidata à reeleição Dilma Rousseff.
A ambientalista, de 55, ganhou novos adeptos depois dos protestos que tomaram as ruas do país, em junho, para reivindicar melhores serviços públicos e para condenar a corrupção.
-- Partido clandestino --
Esta semana, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou a legalização do partido de Marina, a Rede Sustentabilidade, alegando número insuficiente de assinaturas para garantir seu registro dentro do prazo exigido por lei.
"Somos o primeiro partido clandestino criado em plena democracia", ironizou Marina, ao se referir à decisão da Justiça Eleitoral.
Um dos partidos interessados em receber a ex-senadora era o recém-criado Partido Ecológico Nacional (PEN).
A filiação de Marina ao PSB - um "plano C", segundo ela - aconteceu no último dia permitido para se ligar a um partido e poder concorrer às eleições em 2014.
No ato do PSB deste sábado, Eduardo Campos foi apresentado como "o próximo presidente do Brasil".
"Quero melhorar a política, alguém que traga pureza, que traga a voz das ruas. Tenho clareza que nós aqui estamos recebendo a Rede no PSB para fazer aliança programática porque reconhecemos a Rede como algo necessário para melhorar a política no Brasil", explicou Campos.
Em setembro, o PSB deixou a base governista para lançar Campos.
-- Vice? --
Mais cedo, o coordenador executivo da Rede, Bazileu Margarido, havia dito que a ex-senadora "estaria disposta" a se lançar como candidata a vice de Eduardo Campos, segundo o jornal "O Estado de S. Paulo".
Já o próprio Campos disse na entrevista coletiva que a chapa será "anunciada no momento adequado".
"Vocês sabem que a Marina vinha dizendo que o debate sobre 2014 seria tomado em 2014. Esse gesto de hoje acelera um conjunto de especulações. Mas nós não vamos deixar de cuidar do conteúdo, para no tempo certo dizer a chapa que vamos compor", desconversou Campos, após o anúncio da filiação.
O PSB e a Rede confirmaram que estão discutindo com outros partidos para fortalecer a coligação para 2014.
Ex-integrante do PT, Marina criou seu grupo como uma crítica aberta aos partidos tradicionais. Ela cresceu em uma comunidade de seringueiros na Amazônia e compartilhou as lutas do ambientalista Chico Mendes, assassinado em 1988.